Fernanda Soares
Fernanda Soares

30/01/2023, 11h


O Sindsaúde/RN não poderia deixar passar essa data tão importante, que marca a luta e a resistência das pessoas transgênero, trans e travestis. A data escolhida para celebrar o Dia da Visibilidade Trans, 29 de janeiro, faz referência à mobilização ocorrida em 2004 na Câmara dos Deputados, para a campanha “Travesti e Respeito”, que levou a um inédito ato de pessoas trans no Congresso Nacional. A pauta central, na época, era justamente a promoção da saúde. 
 
O dia também reforça a necessidade de ampliar a discussão na sociedade e garantir saúde, emprego, educação, moradia e políticas específicas de combate à violência. Infelizmente, o Brasil é o país onde uma LGBTI+ é assassinada a cada 34 horas e, pelo 14º ano, mais transexuais são mortas. 
 
A violência é o aspecto mais cruel da transfobia. No último dia 26 de janeiro, foi lançado o “Dossiê assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras“, elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), onde se constata que, somente em 2022, foram mortas 131 travestis e transexuais e, ainda, houve 20 casos de suicídios (13 de travestis/mulheres trans, seis de homens trans e uma pessoa não-binária, ou seja, que não se enquadra em nenhum dos dois gêneros).
 
A maioria das vítimas tinha entre 18 e 29 anos, mas a mais nova tinha apenas 13. Uma realidade ainda mais preocupante quando consideramos a enorme subnotificação de casos, geralmente invisibilizados pelas próprias famílias ou distorcidos nos relatórios policiais. Há, ainda, uma enorme e perversa interação entre a transfobia e o racismo. 81% das vítimas eram travestis e transexuais negras. A soma de tantas formas de violência, insegurança quanto à moradia, alimentação, saúde, além da falta de apoio emocional, resulta em um cenário de adoecimento mental dessa população. 
 
Nós do Sindsaúde/RN, enquanto entidade que representa as trabalhadoras e trabalhadores da saúde, e que luta contra a LGBTfobia, machismo e racismo, entendemos que é urgente que os governos criem condições de visibilidade para que as pessoas trans possam se ver em lugares potentes e transformadores. É necessário garantir políticas de acesso à saúde, educação, emprego, e que  as pessoas transgênero, trans e travestis possam viver com dignidade, plenitude e liberdade.