Fernanda Soares
Fernanda Soares

05/04/2022, 11h


Os trabalhadores e trabalhadoras contratados para atuar nas alas Covid-19 no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel têm vivido dias difíceis dentro da unidade. Isso porque, segundo denúncias recebidas pelo Sindsaúde/RN, situações de assédio moral se tornaram constantes no cotidiano destes profissionais, principalmente nos dos técnicos em enfermagem. Os técnicos em questão são oficialmente locados UTI Covid-19, mas quando não existem demandas de pacientes, são remanejados para vários outros setores. Um dos relatos que recebemos conta que a Direção de Enfermagem ameaça mudar as escalas de locais, caso os trabalhadores se neguem a ir assumir plantão nos outros andares. 
 
“Se a gente nega, somos punidos. Eles mudam nossa escala de setor, tiram a gente da escala da UTI Covid e nos colocando nos andares,isso nos obriga a assinar termos de ‘não conformidade’”, relata um dos denunciantes. Os trabalhadores estão sendo ameaçados, inclusive, de serem levados ao Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte (COREN) . “Estamos vivendo um verdadeiro assédio moral dentro do Walfredo Gurgel por parte da coordenação de enfermagem”, desabafa em outro trecho da denúncia . A precarização dos contratos temporários é uma pauta que o Sindsaúde/RN sempre discutiu. Os contratos nada mais são do que uma estratégia do governo de precarizar os serviços, uma vez que estes profissionais não têm direitos garantidos, não podem recorrer ao jurídico do sindicato, sem falar dos salários que são ainda mais baixos. A pressão psicológica vivenciada por estes profissionais é absurda e até ouvir de pessoas da chefia que eles estão ali para “tapar buracos”, eles já ouviram. 
 
Ao contrário do que muitos pensam, o sindicato não está contra os trabalhadores contratados temporariamente. Pelo contrário, trabalhamos para que todos os direitos sejam respeitados. Por este e outros motivos, defendemos a criação de novos concursos públicos, bem como a convocação imediata destes. Somente assim, com direitos, acesso aos serviços sindicais e estabilidade garantida, é possível acabar com o assédio moral nas unidades e evitar que situações assim, como o do Walfredo Gurgel, aconteçam e perdurem por tanto tempo.