Desde o início de julho, técnicos em radiologia de diversos hospitais, como o Deoclécio Marques, em Parnamirim, o Santa Catarina e o Walfredo Gurgel, estão trabalhando sem aferir a radiação a que são expostos. A medição é feita com o uso de dosímetros, equipamento de proteção individual que não é substituído desde julho, por conta da falta de repasses para a saúde.
Por conta disso, os técnicos de radiologia terão uma reunião nesta segunda-feira (27), às 14h, no auditório do Sindsaúde, na qual irão organizar a luta pela garantia dos equipamentos. A denúncia foi feita pelo Sindsaúde em setembro e chegou a ser publicada no Jornal de Hoje. Na ocasião a diretora do Hospital Deoclécio Marques, Adriana Macedo, afirmou que, segundo a Sesap, os novos equipamentos chegariam na primeira semana de outubro. No dia 10 de outubro, o Sindsaúde-RN entrou em contato com a direção do hospital e foi informado que a Sesap havia enviado um e-mail, no mesmo dia, para a unidade alegando que ainda estão providenciando e não havia previsão para a chegada dos aparelhos. A situação se repete em outros hospitais.
Segundo a portaria 453/98, do Ministério da Saúde, todos os que trabalham expostos à raios-x devem usar, durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada, um dosímetro individual de leitura indireta, e este deve ser trocado mensalmente. O controle mensal das doses de radiação é necessário para que não se ultrapasse os limites de radiação diário, mensal e anual determinados pela vigilância sanitária. "Estamos colocando nossa saúde em risco. A radiação não tem cheiro, não é visível a olho nu e não dói. Porém os resultados, embora não imediatos, podem ser drásticos. Pode resultar em câncer para o profissional", relata um técnico em radiologia do hospital, que prefere não se identificar.
De acordo a Vigilância Sanitária, os profissionais, se expostos excessivamente à radiação ionizante, podem ser afastados do serviço. Uma interrupção atingiria não só os serviços de ortopedia, mas suspenderia todos os exames de raios x, tomografias e arco cirúrgico, raios x no leito e nas UTIs, afetando diretamente o atendimento à população.