Fernanda Soares
Fernanda Soares

12/07/2022, 15h


Uma notícia estarrecedora tomou conta de todos os noticiários e portais do Brasil nesta segunda-feira (11), quando um médico anestesista foi preso em flagrante no Rio de Janeiro, por estuprar uma mulher inconsciente durante uma cesariana. Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante, após ser filmado colocando o pênis na boca da paciente dopada, enquanto ela estava em trabalho de parto. 
 
O vídeo que serviu de prova para a prisão do anestesista, só foi possível graças ao empenho da equipe de enfermagem do hospital, formada por mulheres, que desconfiavam da quantidade de sedativo que o médico aplicava nas pacientes, às movimentações estranhas e a preocupação exagerada com o local que ele ocupava durante o procedimento.
 
Após o fim da cirurgia, as profissionais tiveram acesso as imagens chocantes e imediatamente denunciaram a polícia, que decretou a prisão em flagrante. Giovanni foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.
 
CULTURA DO ESTUPRO
 
A barbaridade do ocorrido levanta mais uma vez uma pauta recorrente no país, que é o estupro e a violência sexual contra mulheres e crianças. Desde o início de junho acompanhamos diversos casos que cercam a mesma questão, desde a criança de 11 anos que estava sendo impedida de abortar um feto fruto de uma violência sexual. Passando pela atriz de 21 anos que teve sua história vazada depois que entregou para adoção uma criança fruto de um estupro, até uma série de denúncias que expuseram Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal por casos de assédio sexual e moral contra as funcionárias do banco até chegar à prisão do anestesista. 
 
Sabem qual é a relação de todos esses casos? Segundo um artigo publicado na Revista Afirmativa nesta terça-feira (12), é “a cultura do estupro e a normalização de mulheres como objetos que podem ser “usados” por homens quando eles quiserem”. Além da exposição e do julgamento social em que às vítimas são submetidas, o artigo destaca que o estupro é um crime ligado ao poder e dominação. “O estuprador acha que pode subjugar a “outra” e ainda possui o suporte de uma sociedade que apoia a objetificação e violências contra os corpos femininos”, destaca o texto. Só em 2021, o Brasil registrou um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas, segundo um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 
 
Por isso, é necessário repensar as estratégias de proteção para as mulheres, crianças e todos os corpos que passam por violência em nosso país. O Sindsaúde/RN, como uma entidade combativa, de luta e em defesa da saúde pública de qualidade repudia todos esses casos violentos, machistas e misóginos e cobra das autoridades competentes mais seriedade e atenção para com as mulheres e crianças desse país.