O Sindsaúde/RN participou, nesta terça-feira (15), de uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Caicó sobre a implantação de leitos de UTI Neonatal (UTIN) no Hospital Municipal do Seridó. A atividade foi uma proposição do deputado estadual Adjuto Dias e reuniu autoridades locais, representantes da saúde e do Ministério Público.
Durante a audiência, o diretor do Sindsaúde/RN, João Assunção, destacou a importância da instalação dos leitos de UTIN para a região do Seridó, uma demanda urgente diante da precariedade do atendimento materno-infantil no interior do estado. João também denunciou diversos casos de violência obstétrica já relatados ao sindicato, como o de gestantes forçadas a subir escadas em trabalho de parto na Maternidade Araken Irerê Pinto, por conta de elevadores quebrados, além de mulheres dopadas e submetidas a condições degradantes de transporte e acolhimento.
“Temos relatos de parturientes que viajaram quase 200 km em ambulâncias sem estrutura adequada para dar à luz, como no trajeto entre Santana do Matos e Mossoró. Minha própria filha foi vítima de um verdadeiro rodízio entre hospitais, passando por Santa Catarina, Macaíba e São José de Mipibu antes de conseguir atendimento. As consequências dessa negligência são crianças, hoje adultos, com sequelas permanentes”, lamentou o diretor.
O Sindsaúde/RN também chamou atenção para o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), aprofundado após a aprovação do teto de gastos, que represou bilhões em investimentos na saúde pública. Ainda durante a audiência, foi denunciado que o Hospital Regional Telecila Freitas Fontes, referência para a região, não tem condições de atender crianças em estado grave. Os recém-nascidos são colocados em espaços improvisados, como a sala do eletrocardiograma ou a sala vermelha, junto com pacientes adultos, separados apenas por uma cortina.
Apesar das necessidades urgentes, o que foi anunciado pelas autoridades presentes não foi a implantação da UTIN, e sim de leitos de Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional (UCINCo), estrutura com menor complexidade. O Sindsaúde/RN, portanto, reforçou o alerta: “Quantas crianças ainda precisarão morrer para que essa UTIN seja implantada?”.
Por fim, o sindicato solicitou providências imediatas aos promotores do Ministério Público presentes na audiência e reafirmou seu compromisso em continuar lutando por uma assistência obstétrica e neonatal pública, gratuita e de qualidade para todas as mulheres potiguares!