Thalia Varela
Thalia Varela

05/12/2025, 16h


Os dados alarmantes somados aos inúmeros casos brutais de feminicídio que ganharam a mídia nesta primeira semana de dezembro, revelam a realidade cruel do que é ser uma mulher no Brasil. A disseminação das notícias associada aos dados mais recentes que apontam que 4 mulheres morrem por dia, vítimas de feminicídio no país, ampliou a indignação e a revolta de movimentos de mulheres e de diversos setores sociais, impulsionando uma articulação nacional que convocou atos em todo o Brasil para o próximo domingo (7). O Levante Mulheres Vivas, como foi denominado, vai acontecer em várias capitais e cidades brasileiras. Em Natal, a manifestação acontece neste domingo (07), às 9h da manhã, com concentração no Mercado da Redinha e caminhada até a Praça do Cruzeiro. O Sindsaúde/RN apoia esse levante e soma suas forças em defesa da vida das mulheres e contra todas às formas de violência e opressão de gênero.

Vivemos tempos de BARBÁRIE:

No último dia 30 de novembro, Taynara Souza Santos, de 31 anos, foi arrastada por dezenas de metros pelo ex-namorado na Marginal Tietê e, obrigada a amputar as duas pernas após o atropelamento. Um dia antes, no sábado 29/11, em Recife, Isabele Gomes de Macedo, uma mulher de 40 anos e seus quatro filhos Aline, de 7; Adriel, de 4; Aguinaldo, de 3; e Ariel, de 1 ano, morreram em após um incêndio criminoso provocado pelo companheiro e pai das crianças, Aguinaldo José Alves, de 39 anos. A violência também marcou a agressão e tentativa de estupro contra Lais Angeli, de 30 anos, cometida pelo youtuber conhecido como Calvo do Campari, adepto da teoria misógina “red pill”, que foi preso e posteriormente liberado após audiência de custódia. No Rio de Janeiro, Allane de Souza, de 41 anos, e Layse Pinheiro, de 40, foram assassinadas dentro do Cefet por um colega inconformado com a liderança exercida por elas. Em Santa Catarina, a estudante Catarina Kasten foi estuprada e assassinada com extrema crueldade a caminho da aula de natação.

Apesar de assustador, esses são apenas os casos mais recentes quando o assunto é feminicídio e violência contra a mulher em nosso país. Os dados da Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, realizada pelo DataSenado e divulgada em novembro deste ano, revelam que 3,7 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar em 2025. O levantamento também apontou um dado preocupante: quase 6 em cada 10 mulheres relatam que as agressões ocorrem há menos de seis meses, enquanto 21% afirmam conviver com episódios há mais de um ano.  Enquanto isso, o Brasil registrou 1.177 casos de feminicídio em 2025, com uma média alarmante de quatro mortes por dia, conforme dados apresentados pela ministra das Mulheres Márcia Lopes, em entrevista ao Live CNN na última quarta-feira, dia 03 de dezembro. Ainda segundo a ministra, em 2024, foram contabilizados 1.492 casos de mulheres mortas em razão do gênero.

A violência contra a mulher no RN:

Infelizmente, o Rio Grande do Norte segue a mesma tendência de alta no país, e registrou até o mês de novembro de 2025, 21 feminicídios segundo levantamento da Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (Coine) realizado a pedido na Agência Saiba Mais e divulgado no portal na última terça-feira (02). Ainda de acordo com as informações, o número já supera o total de casos registrados em 2024, quando 19 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado.

Para além do crime consumado, muitas vítimas também sofrem outros tipos de violências e tentativas de feminicídio; como foi o caso de Juliana Soares, de 35 anos, que foi espancada com mais de 60 socos dentro de um elevador em um condomínio, no bairro de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal, em julho deste ano. O agressor, Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29, foi detido em flagrante, logo após o segurança do condomínio ver às imagens e acionar a Polícia Militar. O caso de Juliana ganhou repercussão nacional pela brutalidade, frieza e desprezo do criminoso. 

CSP-Conlutas

Em junho de 2025, o Setorial de Mulheres da CSP-Conlutas,  central sindical na qual o Sindsaúde/RN é filiado, lançou a campanha “Emergência Nacional contra a Violência às Mulheres”, destacando a urgência de organização coletiva e enfrentamento direto.

Conforme destacado no site da CSP-Conlutas, o manifesto da campanha afirma que é preciso mais que indignação: é preciso denúncia, mobilização nas ruas e cobrança de políticas públicas que ataquem as bases materiais e ideológicas no capitalismo que sustentam o ciclo de violência contra as mulheres, cis e trans.