Fernanda Soares
Fernanda Soares

26/07/2013, 12h


Nesta quinta feira, 25 de julho, no auditório do Sindsaúde-RN, aconteceu um debate em homenagem ao dia da mulher negra Latino-Americana e Caribenha. A mesa do debate foi composta pela advogada Adonyara Azevedo, pela diretora do Sindsaúde-RN Célia Dantas, pelos representantes da Secretaria da Mulher Trabalhadora, GLBTS e Negros do Sindsaúde-RN Paulo Roberto e Jamille Gibson, que abordaram questões polêmicas como opressão e a luta da mulher negra.

Promovido pelo Sindsaúde-RN e organizado pela Secretaria da Mulher Trabalhadora, GLBTs e Negros, o debate foi iniciado por Adonyara Azevedo que explicou a distinção de opressão e exploração. Segundo ela, a opressão é quando as peculiaridades de cada um são transformadas em desigualdade e servem para humilhar e submeter o outro; e exploração é quando um individuo se utiliza de forma injusta do trabalho do outro para seu próprio benefício. Ela também apresentou uma visão histórica sobre o tema. Em seguida, Célia Dantas mostrou a situação da mulher negra no mercado de trabalho brasileiro, apresentando situações de conflitos e racismo. No final de seu discurso, ela convidou a todos para lutar contra essa desigualdade e opressão.

O segundo momento do debate contou com depoimentos e relatos sobre opressão no ambiente familiar e no ambiente de trabalho. Muitas situações foram expostas com o intuito de mostrar o quanto esse assunto é sério e que precisa ser combatido. Durante esse momento, a diretora do Sindsaúde-RN Rosália Fernandes convidou todos os presentes para participarem do I Encontro Nacional do Movimento Mulheres em Luta, nos dias 4, 5 e 6 de outubro, em Minas Gerais.

A advogada Adonyara encerrou sua participação na mesa de debate falando que " o capitalismo se utiliza das diferenças transformando-as em desvantagens" e que a luta contra a opressão deve ser cotidiana. Finalizando sua participação, a diretora do Sindsaúde-RN Célia Dantas disse que é importante que todas as categorias estejam unidas para colocar um fim na opressão, um fim no capitalismo.

Saiba Mais
O Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana, com representantes de 70 países. Estipulou-se que este dia seria o marco internacional e teria o objetivo de dar visibilidade às lutas e à resistência das descendentes da diáspora africana, desde sempre marcadas pela combinação de exploração sócio-econômica e pela dupla opressão, do racismo e do machismo.

Segundo dados de 2011, cerca de 80 milhões de mulheres afrodescendentes (ou seja, metade da população negra que vive nos países latinos e caribenhos), ainda hoje, têm suas vidas determinadas pela história de uma região do planeta onde o desenvolvimento do Capitalismo praticamente confunde-se com a da escravidão e todas suas terríveis consequências.

Às vésperas da data, o protesto do rapper Emicida veio se somar à luta das mulheres negras. O rapper denunciou o programa Zorra Total, pelo quadro onde um ator interpreta Adelaide, uma mulher negra e pobre, que anda pelo vagão do trem pedindo "50 centarru, 25 centarru, dez centarru" aos passageiros. Em seu texto, o músico protesta contra a forma como a mídia trata as mulheres negras: “Elas recebem menos, tem suas características físicas criminalizadas por uma ditadura eurocêntrica de beleza (isso se aplica aos homens pretos também), são abandonadas, representam uma porcentagem monstruosa das adolescentes grávidas e das mães solteiras, das que não conseguem um (bom) emprego e quando conseguem retornam cansadas ao sábado a noite para suas humildes casas para ser alvo de um quadro extremamente racista onde são humilhadas por um programa de humor (que nem engraçado é pra começar, 'Zorra Total' é ruim pra c****) no maior canal de televisão do país.”