Fernanda Soares
Fernanda Soares

12/03/2014, 16h


O dia 11 de março foi mais um dia histórico na luta contra a opressão machista no Rio Grande do Norte, com a realização de um ato público pelo 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. O ato, que foi promovido pelo Movimento Mulheres em Luta (MML), entre outras entidades, sindicatos (entre eles o Sindsaúde-RN) e organizações estudantis, levou mulheres trabalhadoras, estudantes e mães às ruas do centro de Natal.

A concentração se deu às 15h, na Praça André de Albuquerque (Praça Vermelha), onde as mulheres se prepararam para a caminhada, criando cartazes, enfeites e pinturas corporais. Elas reivindicaram principalmente o fim da violência contra a mulher, que atualmente mata cerca de 15 mulheres por dia no Brasil. “A cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas no Brasil e a grande maioria delas é negra! Enquanto isso, os governos federal, estadual e municipal investem milhões na Copa do Mundo e reservam migalhas às mulheres. Estamos aqui para dizer que essa descriminação e violência precisam acabar”, afirmou Rosália Fernandes, diretora do Sindsaúde-RN e também integrante do MML.

Além da questão da violência, o protesto chamou a atenção para os investimentos com a Copa. O governo federal investiu mais de R$ 30 bilhões na Copa do Mundo. Enquanto nos programas de combate à violência contra a mulher os investimentos não ultrapassam R$ 25 milhões, o que significa 26 centavos por mulher brasileira.

Durante o protesto, já na Av. Rio Branco, o grupo teatral Mulheres Lindas e Loucas, formado por agentes de saúde da Unidade Mista de Felipe Camarão, apresentaram uma encenação sobre a violência machista. Pela manhã, uma das integrantes do grupo, Alexsandra Cândido, havia sido homenageada pela vereadora Amanda Gurgel (PSTU) na Câmara Municipal de Natal pela sua história de superação após ter sido vítima de tentativa de assassinato pelo próprio marido, anos atrás.

No protesto, a vereadora também homenageou a professora Sandra Fernandes, sindicalista e militante do MML que foi brutalmente assassinada pelo namorado em fevereiro deste ano, no Recife-PE. “Estamos aqui para dizer que histórias como as de Alexsandra e de Sandra não podem se repetir! Para dizer que essa violência precisa acabar e que a gente precisa de políticas que de fato protejam as mulheres contra esses abusos. Nós não iremos esquecer a dor dessas mulheres que sofrem diariamente por causa do machismo”, afirmou Amanda.

Logo após, o grupo As Afetadas realizaram uma intervenção performática em defesa do aborto legal e as manifestantes seguiram para a frente da Prefeitura Municipal, onde as mulheres reivindicaram o não fechamento da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (Semul). O ato terminou com uma grande ciranda pedindo pelo fim da violência.