Fernanda Soares
Fernanda Soares

05/09/2013, 14h


Os servidores da saúde do município de Natal realizaram hoje (5) um ato público em frente ao Hospital dos Pescadores, nas Rocas. Esse foi o primeiro de uma série de atos que acontecerão todas às quintas-feiras, sempre às 9h, em unidades de saúde da rede municipal.

A escolha dessa unidade para o primeiro protesto não foi por acaso. O Hospital dos Pescadores é um retrato da calamidade na saúde do município. Servidores e usuários convivem diariamente com uma situação de precariedade. Durante o ato, funcionários do hospital denunciaram as péssimas condições estruturais, a falta de medicamentos e materiais básicos, como antialérgicos, protetores gástricos, vitamina C, garrote, soro, esparadrapo, seringas e agulhas.

Mesmo assim, a diretora do Hospital, Emília Magda, e o diretor técnico dos médicos, Marcos Antônio Pinheiro, sentaram (antes do ato) com diretores do Sindsaúde-RN para tentar "justificar" os problemas que o hospital enfrenta, mas o diretor Marcos Antônio acabou admitindo que “a rede toda [de saúde] está desestruturada”. Segundo o diretor, o Hospital dos Pescadores nem poderia ser considerado um hospital, já que não tem porte para isso.

Durante o ato, encontramos a cabeleireira Juliana Carla, que acompanhava uma idosa. Ela contou que as duas tiveram que ir para o Hospital dos Pescadores porque não conseguiram ser atendidas no pronto-socorro do bairro onde moram, em Nova Descoberta. Ela reclamou da demora no atendimento, da falta de médicos e medicamentos e chegou a chorar: “Até quando a gente vai viver numa calamidade dessa?", questiona emocionada. "Essa situação chegou no limite dos limites", desabafa.

Para Célia Dantas, diretora do Sindsaúde-RN, o ato foi positivo: “acredito que a população entendeu o recado. A gente percebe o apoio da comunidade e percebe também a indignação com a precariedade do serviço”.

O próximo ato do calendário de lutas dos servidores do município de Natal acontece no CAPS Norte, no Panatis, no dia 12 de setembro, às 9h. Já no dia 13, o Sindsaúde-RN se encontra novamente com o prefeito Carlos Eduardo, para receber uma resposta oficial sobre a pauta de reivindicações entregue na audiência de 29 de agosto.

No mesmo dia, os servidores farão um ato em frente à prefeitura, e terão nova assembleia no dia 16, para avaliar a resposta do governo e a possibilidade de uma greve. “Vamos esperar que o prefeito atenda às nossas reivindicações, porque a realidade do servidor também é de calamidade”, afirma Célia Dantas.