Fernanda Soares
Fernanda Soares

29/05/2013, 13h


Os servidores do Detran-RN estão em greve desde o dia 13 de maio, enfrentando a intransigência do governo Rosalba. Apesar de terem entregue as suas reivindicações há 75 dias, o governo se nega a negociar, alegando que só o fará com o fim da greve. Por outro lado, governo vem buscando sufocar a greve, ameaçando com o corte de ponto, com retirada de gratificações e até exonerações dos servidores aprovados no concurso de 2010.

Como nada disso tem surtido efeito e e a greve tem se fortalecido, com os trabalhadores – como há muito não se via – mantendo um piquete diário na frente do Detran, o governo, ao que parece, está escolhendo o caminho da repressão. Na manhã do dia 28, sete veículos da Polícia Militar e do Bope, com 25 policiais armados até com metralhadoras, foram até o Detran, se posicionando na frente do portão principal.

A pressão foi presenciada pela diretora do Sindsaúde Célia Dantas, que esteve no local para levar a solidariedade do sindicato aos grevistas. A presença dos policiais motivou a reação dos trabalhadores que denunciaram a repressão pelo som. “Os trabalhadores do Detran têm o direito de estar aqui. Eles estão exigindo os seus direitos e o cumprimento de um plano assinado pelo governo. Vocês, policiais, que são trabalhadores como a gente, e que sofrem com os baixos salários, não deveriam estar aqui. Quem mandou vocês para aqui não deve estar preocupado com a segurança da população, exposta à violência”, afirmou Célia.

Os trabalhadores questionaram os policiais sobre o motivo de estarem ali. “Viemos retirar vocês aqui da frente”, disse um deles. Perguntado sobre quem deu a ordem e se havia um mandado judicial para isso, outro respondeu que os policiais foram até o local “a mando da governadora”.

Os manifestantes se recusaram a deixar o local e iniciaram um ato contra a repressão. “Estamos conversando com os trabalhadores, todos os dias, e ninguém é barrado de entrar para trabalhar. Felizmente, mais de 70% das pessoas estão aderindo ao movimento”, disse Alexandre Guedes, da CSP-Conlutas e trabalhador do Detran. O Sindicato dos Servidores da Administração Indireta do RN (Sinai-RN) condenou a ação policial. “Estava fechado do outro lado, não aqui na entrada principal. Não proibimos a entrada de ninguém, mas a lei permite a persuasão, a tentativa de convencer uma pessoa em favor de nossa causa”, diz o presidente do Sindicato, Santino Arruda.

Os trabalhadores continuam em greve e, nesta semana, conseguiram que os deputados estaduais montassem uma comissão, para buscar uma saída junto ao governo. Segundo o Sinai, outros órgãos podem entrar em greve, como o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (Emater).