Fernanda Soares
Fernanda Soares

21/10/2013, 16h


Os servidores municipais da saúde de Natal, em greve desde o dia 15 de outubro, iniciaram a agenda de lutas desta semana com um ato público na Unidade de Saúde do Cidade Satélite. O protesto reuniu cerca de 130 servidores, que denunciaram a repressão da diretoria da unidade e as péssimas condições de trabalho.

A unidade sofre há anos com a precariedade estrutural. Faltam instrumentos cruciais para o trabalho, como respiradores e bombas de infusão (problema que se repete no Hospital dos Pescadores, por exemplo). O monitor cardíaco não funciona direito e o local conta apenas com 2 umidificadores, mesmo sendo atendidos em média 150 pacientes, em um intervalo de 12 horas.

Além disso, a unidade também enfrenta outro problema crônico na saúde: o sucateamento dos prédios públicos. São paredes rachadas e cheias de mofo, além da queda de reboco, que cria buracos enormes nas paredes e no teto. Também há um grande número de materiais de trabalho defasados, que ficam entulhados em algumas salas e corredores. 

Há mais de 4 anos, o setor ambulatorial foi fechado para reforma e transferido para um prédio alugado nas proximidades. Porém, a reforma até agora não foi feita, evidenciando a falta de prioridade que o governo tem com a saúde pública, preferindo alugar um prédio privado, gastando o dinheiro da população, ao invés de investir no prédio público.

Simone Dutra, coordenadora-geral do Sindsaúde-RN, conta que os próprios servidores da unidade se reuniram para salvar o setor de Odontologia do lugar, ameaçado de fechar: “foram os servidores que juntaram em torno de R$ 4 mil para criar o anexo da Odontologia quando ameaçaram suspender o serviço. Isso só mostra a importância e a dedicação dos servidores em manter o SUS funcionando, mas não pode ser assim. São os gestores que têm assumir a responsabilidade pelo SUS.

A servidora Mirtes Lopes, assistente social do local, chamou a atenção para a saúde dos trabalhadores: “nem o governo e nem a direção das unidades estão ligando para a saúde dos trabalhadores. Aqui mesmo no Satélite, começamos a ter muitos casos de dengue, inclusive entre os servidores. Encontramos alguns focos no entorno da unidade, mas nada foi feito. A direção não estava nem aí”.

Após o ato, que durou cerca de 1 hora e meia, a direção do Sindsaúde-RN se reuniu com os servidores da unidade do Satélite para montar a escala de greve e viabilizar maneiras de se intensificar a greve no local. Atualmente, cerca de 50% da unidade está com as atividades paralisadas.

Agora à tarde, os servidores se dirigiram ao Hospital dos Pescadores, nas Rocas, para mobilizar a categoria e conscientizar a população sobre a importância da greve.

 

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