Fernanda Soares
Fernanda Soares

26/11/2014, 19h


Na manhã desta quarta-feira (26), os servidores da saúde do estado realizaram um ato público no Hospital Walfredo Gurgel contra a falta de medicamentos e de materiais nos hospitais do RN, que atualmente vivem uma das piores crises de abastecimento.

Durante o ato, servidores, pacientes e acompanhantes denunciaram essa situação caótica. Os servidores cobraram o repasse imediato dos R$ 96 milhões do orçamento e o aumento das verbas para a saúde pública, além de divulgar uma lista atualizada dos medicamentos em falta, totalizando 62 medicamentos ausentes nos hospitais, entre eles antibióticos e dipirona. Na lista de materiais, somaram-se 40 itens em falta, entre eles tubo de infusão, coletores e até gaze.

Um dos servidores chegou a se fantasiar e representou a personagem Morte, segurando um cartaz que dizia: "A Saúde na beira da morte". Uma das árvores do lado de fora do hospital chegou a ser "enfeitada" com caixas de remédios vazias, representando enfeites natalinos. "Rosalba está saindo do governo e é esse o presente de Natal que ela deixa para a população: a falta de medicamentos e materiais que afeta usuários e também servidores, que não têm condições de realizar seu trabalho", registrou Rosália Fernandes, diretora do Sindsaúde-RN.

Na terça-feira (25), 4 pacientes do Walfredo morreram no setor de politrauma devido à falta de medicamentos e anestésicos. O senhor Ismael Monteiro, de 61 anos, foi um dos usuários que acompanharam o ato. Ele contou que sofre de diabetes e problemas no coração e que está internado há 3 meses no Hospital Santa Catarina à espera de uma cirurgia de ponte de safena. Em 3 meses ele já gastou quase R$ 500 de sua aposentadoria para comprar Clopidogrel 75mg porque o remédio está em falta no hospital. "Eu já tive 3 infartos e estou com medo de te rmais um, porque me sinto muito fraco e tenho de 2 a 3 crises por semana. Está muito difícil, porque eu estou gastando muito para comprar esse remédio todo mês e não consigo ser operado", lamenta o usuário.

O ato também contou com a participação e a solidariedade do Sinai, do Sindicato dos Bancários e também com o Conselho Estadual de Farmácia.