Fernanda Soares
Fernanda Soares

28/05/2014, 16h


Nesta quarta-feira (28), os servidores da saúde estadual se reuniram em assembleia no auditório da Sesap para discutir as mudanças que vêm sendo aplicadas pelo governo em relação ao ponto eletrônico e aprovaram uma mobilização pelo boicote do ponto. Entre os dias 2 e 15 de junho, uma comissão formada pelo Sindsaúde e representantes das unidades irá percorrer os locais de trabalho para fazer um diagnóstico sobre o ponto. Entretanto, a partir desta data (28/05), nenhum servidor deve retirar mais o relatório do ponto mensal para fazer as justificativas.

No dia 9 de maio, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), emitiu um memorando circular informando que, com referência aos meses de janeiro, fevereiro e março, estaria recebendo manualmente das unidades apenas as ocorrências negativas, não sendo necessária a digitação do ponto eletrônico. Já com relação aos meses de abril e maio, o sistema seria aberto a partir do dia 15 de maio para o monitoramento individual dessas questões.

Para o Sindsaúde, se o sistema de ponto eletrônico não funciona, a culpa não pode ser atribuída aos servidores e nós não temos a obrigação de correr atrás dos erros da Sesap, que são constantes e causam transtornos aos trabalhadores.

Uma das servidoras do Hospital Santa Catarina contou que, além de enfrentar a fila do ponto, ainda precisa interromper seu trabalho para se preocupar com o relatório: “Eu trabalho no Centro Cirúrgico e já preciso dar conta de 24 pacientes. Meu setor não tem computador, então eu preciso deixar o que estou fazendo e ir para outro setor com computador para fazer esse relatório. Isso é um absurdo!”, denunciou a servidora, indignada.

Já Francimar Rocha, que é técnica administrativa de saúde da Sesap, conta que sempre foi contra a instalação do ponto da forma que foi feita: “Sempre falei da necessidade de se ter um comprovante impresso, já que esse é um direito nosso e eu não tenho a obrigação de puxar relatório nenhum, porque assim perco tempo no meu trabalho”, relatou a servidora.

A assessoria jurídica do sindicato se mostrou a favor do boicote e garantiu que irá tomar providências para garantir a legalidade do boicote: “Faz um ano que estamos esperando pela isonomia e também pelos tickets comprobatórios, mas todo mês a Sesap aparece com alguma solicitação nova para vocês fazerem. Nós precisamos superar esse medo e construir o boicote ao ponto”, enfatizou Adonyara Azevedo, coordenadora jurídica do Sindsaúde. A advogada ainda pediu que a categoria documente provas das irregularidades com relação ao ponto.

Além da comissão que irá auxiliar o sindicato a fazer o diagnóstico sobre o ponto eletrônico nas unidades, a categoria também aprovou uma paralisação no dia 16 de junho, com uma assembleia campal às 14h, em frente ao Hospital Walfredo Gurgel. Os servidores também aprovaram a participação no ato contra os gastos da Copa, que será realizado na noite da mesma data (16), dia da visita da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente dos EUA, Joe Biden.

Nesta sexta-feira (30), a comissão aprovada hoje para mobilizar o boicote nas unidades terá a sua primeira reunião no auditório do Sindsaúde, às 9h.