Fernanda Soares
Fernanda Soares

25/06/2014, 17h


Poucos dias após a suspensão da greve da saúde municipal de Natal, os servidores foram surpreendidos com a notícia de que as direções das unidades de saúde estariam providenciando listagens de grevistas para o corte de ponto. No último dia 18, durante reunião com o Conselho Municipal de Saúde, a intenção da Prefeitura foi confirmada pelo secretário municipal de Saúde, Cipriano Maia. Para os servidores, essa medida do governo é arbitrária e se apresenta como mais uma forma de perseguição contra os trabalhadores.

Na manhã desta quarta-feira (25), os servidores da saúde foram até a Câmara Municipal de Natal solicitar o apoio dos vereadores e pedir que eles se manifestem contra o desconto dos salários. A categoria entregou uma carta-manifesto aos vereadores, explicando o porquê do desconto ser uma medida arbitrária e que apenas promove a perseguição contra os trabalhadores. Junto à carta, os servidores anexaram o parecer jurídico do Sindsaúde e também um documento do Conselho Municipal de Saúde, que recomenda a necessidade de elevação do Orçamento da Saúde Municipal para 35% da arrecadação.

Na carta, os servidores argumentam que a greve não foi considerada ilegal, mesmo com dois pedidos de ilegalidade feitos pela Procuradoria Geral do Município (PGM). Além disso, o movimento grevista não visava apenas o reajuste salarial, mas também a melhoria das condições de trabalho, da estrutura física das unidades e segurança. No total, a pauta de reivindicações apresentava 26 pontos, que foram, em sua maioria, ignorados pelo governo durante o processo de negociação, por mais que o Sindsaúde-RN insistisse em cobrar avanços nos outros temas, como a questão da segurança nas unidades.

A carta ainda classifica a medida da SMS como um “gesto de arbitrariedade e desumanidade” e que a única explicação para tal é “a intenção de perseguir e assediar moralmente os servidores que permaneceram em greve, como forma de dissuadir novos protestos e reivindicações”. A categoria ainda considera a medida uma “prática condenável, não condizente com um governo que se apresenta como democrático”.

Ainda nesta quarta-feira (25), a vereadora Amanda Gurgel (PSTU) apresentou um requerimento para que a Câmara Municipal de Natal repudiasse a orientação da Prefeitura de cortar o ponto dos servidores municipais da saúde. “Essa é uma atitude mais do que abusiva”, criticou Amanda. A vereadora protocolou o requerimento de manifestação de repúdio ao desconto de salário e espera que os demais vereadores se posicionem contrários à medida da Prefeitura. O requerimento está sendo votado agora à tarde.

Além de pedir que os vereadores se manifestem contra o desconto dos salários, os servidores ainda pedem que sejam retomadas as negociações e que sejam criadas condições orçamentárias para atender os pleitos dos servidores, expressos em contra-proposta apresentada no dia 11 de junho, de forma a evitar o retorno da greve após o fim da Copa do Mundo. E, da mesma forma, que se implante os 5,68% da data-base nos salários e o envio dos Projetos de Lei acordados.