Fernanda Soares
Fernanda Soares

21/09/2013, 19h


Cerca de 80 mulheres se reuniram neste sábado (21) na Escola Estadual Winston Churchill (Av. Rio Branco), entre elas servidoras da saúde, professoras, bancárias, estudantes e a vereadora Amanda Gurgel, durante o I Encontro Estadual do Movimento Mulheres em Luta (MML). O encontro foi uma preparação das mulheres potiguares para a edição nacional do evento, que acontece nos dias 4, 5 e 6 de outubro, em Belo Horizonte (MG).

A mesa de abertura, que contou com as diretoras do Sindsaúde-RN, Rosália Fernandes e Andréia Alexandre, teve como tema o avanço das lutas no Brasil e também das mulheres trabalhadores. As palestrantes montaram um retrato da conjuntura política e econômica nacional e internacional e fizeram colocações sobre o papel das mulheres nesse panorama.

Logo após, as mulheres (e também os homens presentes), se dividiram em Grupos de Trabalho (GTs) para debater os principais problemas que afligem às mulheres em seu cotidiano, seja em casa, na rua ou no trabalho. Cinco temas foram discutidos: Creche e Direito à Maternidade; Saúde da Mulher e Aborto; A Mulher e os Movimentos Populares; As Mulheres e os Sindicatos; A Mulher Jovem, Negra e Homossexual; e A Violência Contra a Mulher.

Sobre a saúde da mulher, Simone Dutra, diretora-geral do Sindsaúde-RN, lamentou a falta de políticas públicas que protejam e assegurem a qualidade de vida das mulheres: “A mulher brasileira vive na insegurança quanto à sua saúde. Faltam investimentos do governo, que agora só promove ações pontuais. O governo Dilma desmontou o programa que garantia assistência à mulher, da adolescência à menopausa”.

Já Célia Dantas, também diretora do Sindsaúde-RN, chamou a atenção para a mulher negra, que sofre dupla opressão, por ser mulher e negra: “nós mulheres sofremos todo tipo de violência, inclusive assédio moral e sexual. Para a mulher negra é ainda mais difícil. Observem quantas mulheres negras conseguem terminar o ensino médio ou chegar à universidade. Ainda somos poucas”, aponta Célia.

Por último, formou-se a executiva estadual do Movimento Mulheres em Luta (MML), que tem a missão de organizar as mulheres trabalhadoras, frente aos desafios da nossa realidade machista, racista e heteronormativa. Após tantos debates, ficou claro aos presentes o quanto o sistema capitalista é nocivo às mulheres e à humanidade de forma geral.

Como ressaltou Ana Célia Siqueira, diretora do Sinte-RN regional de Ceará-Mirim, “é preciso discutir a organização das mulheres em uma ótica de classe e precisamos dos homens para transformar essa sociedade. Não podemos transformá-la sozinhas. Espaços como esse [o encontro] são o começo da luta, mas a luta deve acontecer todos os dias, na rua, em casa e no trabalho”.

O Rio Grande do Norte enviará uma caravana para o encontro nacional em Belo Horizonte. As inscrições custam R$ 220 para sindicalizados, R$ 210 para oposição e R$ 150 para estudantes. O MML também está promovendo uma política de financiamento para possibilitar a viagem daqueles mulheres que não têm condições de arcar com os custos. As mulheres estão vendendo rifas, doces e organizando pedágios para arrecadar fundos. Mais informações: www.mulheresemluta.blogspot.com.br