Fernanda Soares
Fernanda Soares

30/07/2014, 14h



Primeiro foi a suspensão da greve, com a desculpa da Copa. Depois, o desconto nos salários de 520 colegas, que participaram ativamente do movimento e agora enfrentam dificuldades financeiras.

Carlos Eduardo e Cipriano (que já fez greve) se acham acima da lei. A greve não foi declarada abusiva, é legal e até o pedido de desconto que eles haviam feito foi negado pela Justiça. Ou seja, a decisão de cortar o ponto é política, para intimidar os servidores da saúde, para calar os que lutam. Algo que está acontecendo em todo o País.

A reposição é uma imposição da Prefeitura. Foi ‘negociada’ em uma reunião sem a presença do Sindsaúde, sindicato que poderia falar em nome dos servidores da saúde que estavam em greve (a exceção do Soern, que aceitou). Os demais sindicatos deveriam ter dito que não iriam falar em nome dos outros. Após a reunião, a SMS colocou uma espada sobre nossas cabeças. Passou a nos assediar, um a um, por telefone, fora do horário, ‘oferecendo’ o documento.

Não aceitamos esse ‘acordo’. Compreendemos a situa­ção dos colegas que assinaram o termo, chantageados pela Prefeitura. E parabenizamos aqueles - a maioria - que conseguiram dizer não ao assédio e não assinaram.

Mas não é hora de nos dividirmos. Vamos juntos para que devolvam o dinheiro descontado. O Sindsaúde já entrou na Justiça, mas a nossa resposta deve vir da luta, da união da categoria nesse momento em que estamos sendo atacados. Deve vir da solidariedade com aqueles que estão sentindo agora, no contracheque, o autoritarismo da Prefeitura. Quem lutou por todos não pode ficar sozinho.

Participe da assembleia, vamos - juntos - mostrar que não aceitamos essa humilhação e a desumanidade da Prefeitura. É o futuro de todos que está em jogo.

Sindsaúde-RN


“[...]
Na primeira noite
eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite,
já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]”

Eduardo Alves da Costa