“Estou muito arrasada e psicologicamente abalada, mesmo tendo muito tempo de enfermagem”, desabafou uma técnica de enfermagem da UPA da Cidade Satélite, após agressão sofrida por um paciente na noite desta segunda-feira (30).
Segundo o relato da trabalhadora da saúde, por volta das 22h, chegou um paciente jovem de 19 anos acompanhado da mãe. De acordo com a técnica de enfermagem, a mãe informou que ele era agressivo e que precisava ser internado, pois não conseguiu internação no hospital João Machado, por não haver vagas disponíveis na ala masculina.
“Nosso protocolo quando recebemos pacientes agressivos é fazer a contenção. No entanto, a mãe pediu para o filho não ser contido, pois ele estava calmo”, declarou a trabalhadora.
“Por volta das 22h foi aplicado uma medicação. A acompanhante havia solicitado lençol, travesseiro para acomodar o filho. Como o pronto socorro estava tranquilo, eu fui para o meu descanso às 00h. Quando retornei por volta das 3h, escutei uma gritaria”, relatou a técnica de enfermagem.
De acordo com a trabalhadora da saúde, o jovem estava quebrando as coisas na sala e jogando uma cadeira na janela. “A mãe pedia para ele parar, mas ele estava muito agitado”, enfatizou a mesma.
A técnica de enfermagem, quando entrou na sala tentou acalmá-lo e chamou o paciente para tomar um ar. Porém, ela foi surpreendida com uma pancada no supercílio. “Ele tacou algo em cima de mim. Acho que fiquei desacordada e cai no chão, não sei o que aconteceu. Quando acordei, tinha pessoas em volta e estava tonta”, lamentou.
A trabalhadora que preferimos não identificá-la por questão de segurança, disse que estava com a sobrancelha inchada e a costela dolorida. Ela fez Boletim de Ocorrência na madrugada desta terça-feira (31) e exame de corpo delito. Segundo a trabalhadora, a direção em nenhum momento falou com ela ou procurou saber o que ocorreu. “Eu acho uma falta de respeito da unidade. A direção não veio falar comigo, a coordenação só falou comigo após a visita do sindicato”, denunciou.
Além da negligência por parte da direção, a unidade não conta com segurança. Para nós do Sindsaúde/RN é lamentável que os trabalhadores e trabalhadoras da saúde passem por esse tipo de situação. “Além da insegurança nas unidades de saúde de Natal, não há acolhimento da atenção ao atendimento psiquiátrico que está acontecendo nas UPAS. Não existe qualquer tipo de preparo, tanto na estrutura física, quanto aos profissionais para estarem recebendo esse tipo de serviço, e isso está acarretando esses problemas”, declarou Érica Galvão, diretora do Sindsaúde/RN.
O Sindicato realizou uma visita na tarde desta terça-feira (31) e já solicitou uma reunião com a direção da UPA. “Além de cobrar essa reunião, vamos organizar uma atividade nas UPA’s para exigir da prefeitura de Natal mais atenção e respeito. Vamos denunciar os inúmeros assédios que os trabalhadores da saúde estão sofrendo, a insegurança, a falta de estrutura e condições de trabalho. Chega de precarização, não aguentamos mais”, afirmou Érica.