Fernanda Soares
Fernanda Soares

20/05/2022, 14h


 Em entrevista ao Bom Dia RN, da Inter TV Cabugi, na manhã desta sexta-feira (20), o secretário de Saúde, George Antunes, afirmou: “Nós não podemos adoecer, porque todas as nossas instalações estão lotadas. Ou nós fazemos nosso dever de casa enquanto cidadãos, ou vamos ter problemas mais sérios do que já temos. Podemos entrar em colapso muito em breve". A fala se refere aos 120 leitos de internação clínica abertos em Natal para atender casos de dengue, zika e chikungunya e sobre a incapacidade do município expandir a rede de assistência. O secretário exige atenção da população e cobra medidas de prevenção como se a necessidade de combater o Aedes aegypti fosse apenas do(a) natalense. O que resta a uma população que sequer tem o direito de adoecer? 
 
O Sindsaúde/RN reconhece a necessidade de medidas individuais e coletivas de prevenção a doença, porém repudia a responsabilização da população quando, na realidade, a própria prefeitura de Natal, representada por Álvaro Dias (PSDB), tem feito muito pouco para reverter a situação que já é crítica. O problema da superlotação e falta de insumos nas unidades de saúde é de anos. Não começou por causa da dengue. Noticiamos por diversas vezes que nas principais Upas, Ubs e Hospitais da cidade faltam medicamentos, recursos humanos e insumos básicos para o atendimento dos pacientes. Não existem mais campanhas de sensibilização contra a dengue durante o ano. Falta saneamento básico em muitas comunidades de Natal. Não há fiscalização para muitos terrenos e imóveis abandonados pela cidade. Falta limpeza pública em muitos pontos e carros fumacê nas ruas. Tudo isso é culpa da população, secretário? 
 
É dever da gestão municipal garantir saúde para todos independente da epidemia que a cidade venha enfrentar. Portanto, não iremos admitir que uma prefeitura que concede mais de 60% de aumento para os seus representantes responsabilize a população pela incapacidade de abrir novas possibilidades de assistência. Esse novo caos que a saúde hoje enfrenta é culpa da gestão e não é obrigação dos cidadãos promover bem estar e saúde coletiva. Esse dever é da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde. Assumam o compromisso com o povo de Natal, nós não aguentamos mais!