Francisca Pires
Francisca Pires

29/12/2025, 12h


O Sindsaúde/RN recebeu nesta segunda-feira (29) um grave relato sobre as condições de trabalho na enfermaria aguda feminina da Psiquiatria do Hospital Geral João Machado, em Natal. De acordo com os trabalhadores, a Sesap reduziu o número de técnicos de enfermagem por plantão, passando de quatro para apenas três profissionais.

A enfermaria funciona como porta de entrada e pronto atendimento psiquiátrico, recebendo pacientes em surto psicótico, com risco iminente de suicídio, dependentes químicos e pessoas com histórico de comportamento agressivo. Segundo os relatos, a equipe de enfermagem é constantemente ameaçada e já houve registros de agressões físicas contra profissionais.

A situação se agrava diante da constatação de que pacientes têm conseguido manter em sua posse objetos perfurocortantes e armas brancas, como os itens mostrados na imagem recebida pelo sindicato. Com apenas três técnicos por plantão, qualquer ausência por adoecimento, imprevistos ou remanejamento para outras áreas deixa o setor ainda mais desfalcado, comprometendo diretamente a assistência e ampliando o risco de acidentes e violências. 

Além da redução de pessoal, há falta de insumos básicos e o atendimento a apenados na enfermaria psiquiátrica é feito sem que haja reforço na equipe ou estrutura adequada para lidar com esse perfil de pacientes, aumentando ainda mais a sobrecarga e a insegurança no setor.O Sindsaúde/RN também reforça que a situação do Hospital João Machado não se restringe à Psiquiatria. O sindicato já denunciou anteriormente as condições da Clínica Médica da unidade, que segue sem respostas efetivas da gestão. 

Apesar de ser classificada como Clínica Médica, a unidade recebe majoritariamente pacientes semi-intensivos e intensivos, sem o suporte necessário para esse nível de complexidade. Faltam materiais básicos como capotes e lençois, comprometendo a segurança da assistência. A clínica conta com 38 leitos, que permanecem quase sempre totalmente ocupados, além de um elevado número de pacientes em isolamento de contato, muitos deles com bactérias multirresistentes, como a KPC.

Para o Sindsaúde/RN, o cenário é de abandono e negligência com a saúde pública, colocando em risco tanto quem precisa de atendimento quanto os trabalhadores que mantêm o hospital funcionando. O sindicato cobra da Sesap a recomposição imediata da equipe de enfermagem, garantia de insumos, pagamento de adicional de periculosidade e providências urgentes para assegurar condições dignas e seguras de trabalho no Hospital João Machado.