Fernanda Soares
Fernanda Soares

23/01/2014, 12h


Nesta quarta-feira (22), o estádio Arena das Dunas foi inaugurado simbolicamente, em uma cerimônia simples e rápida. Centenas de convidados, entre autoridades, políticos e empresários, fizeram uma longa fila para entrar no estádio e presenciar o momento da presidenta Dilma Rousseff chutar a bola em direção aos fotógrafos e sob aplausos da governadora Rosalba Ciarlini, do prefeito Carlos Eduardo Alves e do secretário-geral da Fifa, Jérome Walcke. Não houve discursos e a imprensa chegou a relacionar isso com as vaias contra Rosalba, em cerimônias anteriores, presenciadas por Dilma.

Os manifestantes se concentraram às 13h, em frente ao shopping Midway, de onde saíram às 15h30, em direção ao estádio, com faixas, bandeiras e  bonecas da presidenta Dilma e da governadora Rosalba. Os servidores do Itep e os policiais civis compareceram, levando cruzes e um caixão, simbolizando a crise da segurança.

A passeata prosseguiu pela BR-101, recebendo apoio dos motoristas que vinham em sentido contrário e da população nas ruas. O protesto unificou diversas categorias de trabalhadores, como os servidores da saúde, servidores da Administração Direta e Indireta, servidores da UFRN, bancários, médicos, professores e policiais federais. A passeata contou com muitos jovens de diversos movimentos e entidades, como a Anel, que levaram faixas e cartazes feitos à mão.

VEJA A GALERIA DE FOTOS DO ATO

O protesto parou em frente ao estádio, cercado por um forte aparato policial, e depois seguiu um pouco mais à frente, até uma das entradas ao estádio. Os manifestantes ocuparam uma das pistas da BR-101 e a marginal, impedindo a passagem dos carros dos convidados, que tiveram que dar meia-volta e usar outra entrada. Apesar do bloqueio, não houve incidentes. A não ser por um motorista, em um carro de placa oficial, que abaixou o vidro de seu carro e chamou os manifestantes de “pobres”, iniciando uma discussão.

Um ato público foi realizado no local, com falas dos sindicatos, da CSP-Conlutas e da Intersindical e partidos e parlamentares presentes, como a vereadora Amanda Gurgel (PSTU) e Sandro Pimentel (PSOL). Os manifestantes aguardavam a chegada da presidenta Dilma Rousseff, que entrou por outro acesso ao estádio. Por volta das 17h30, as três pistas da BR-101 foram interditadas.

Pouco depois, vans com a identificação da Presidência da República vieram pela contramão, em direção ao estádio. Um grupo de manifestantes bloqueou a passagem e chegou a pichar um dos veículos. O episódio foi exibido com destaque pela imprensa. Pouco antes, policiais revistaram mochilas no meio do protesto, causando a reação dos manifestantes. Jairo Laranjeira, servidor da Saúde no Hospital Deoclécio Marques, teve o braço torcido por um policial, ao se recusar a abrir a mochila. “Eles não tem o direito de fazer isso. Disse que não ia abrir a mochila e ele torceu meu braço”, afirmou Jairo.

O esquema de segurança utilizou até um drone, aparelho não tripulado de alta tecnologia. Ele sobrevoou o ato em frente ao Arena das Dunas, filmando e fotografando os manifestantes.



Protestos na Copa
Os organizadores avaliam positivamente o ato, por ter reunido os que estão insatisfeitos com o governo Rosalba e com os gastos absurdos com a Copa. “Não dá para gastar bilhões com a Copa e a saúde neste estado. É criminoso. Só o valor inicial do Arena seria suficiente para termos um hospital novo, moderno, e mais 57 UPAS”, denuncia Rosália Fernandes, do Sindsaúde-RN. “Os governos têm razões de temer os protestos. Este ano vai ser de muita luta na Copa”, afirmou.

No sábado (25), serão realizados atos em todo o país, contra os gastos da Copa. Em Natal, os manifestantes irão se reunir às 17h, no Circular da UFRN, no Via Direta.