Em 2011, Vivaldo Júnior, diretor do Sindsaúde de São Gonçalo do Amarante, fez uma grave denúncia sobre o depósito irregular de pneus velhos em um terreno onde deveria funcionar o Centro de Zoonoses do Município, na comunidade de Canaã. Dezenas de pneus estavam acumulados representavando possíveis focos de dengue. Vivaldo alertou que, enquanto os agentes de endemias percorriam as casas procurando ameaças de focos de dengue, um grande risco estava sendo mantido ali, em um local de responsabilidade do governo. A denúncia repercutiu na imprensa, com destaque na TV Cabugi e provocou a indignação da população. Naquele ano, o Sindsaúde fez um vídeo em que o próprio Vivaldo Júnior mostra a situação dos pneus abandonados.

Após a denúncia, a reação do prefeito Jaime Calado (PR) foi a de processar Vivaldo Júnior por "danos morais". O prefeito, que é médico sanitarista, se sentiu ofendido pela denúncia e por ter sido responsabilizado. Assim, pediu uma indenização de cerca de R$ 25 mil a um trabalhador que, assim como toda a categoria, faz milagres para sobreviver com o salário. Caso venha a ser condenado, Vivaldo teria de trabalhar cerca de um ano para pagar o valor.

O processo foi denunciado pelo Sindsaúde e por diversas entidades como perseguição política e ameaça à democracia e à liberdade de ação sindical. O sindicato colocou cartazes na cidade e convocou atos no dia 2 de maio, dia em que estava marcada uma audiência de conciliação no Fórum Municipal de São Gonçalo. Na tarde do mesmo dia, uma moção de apoio em favor do sindicalista foi aprovada pela Câmara Municipal de Natal e a vereadora Amanda Gurgel (PSTU), que participou dos atos da manhã, defendeu Vivaldo Júnior na Tribuna da Câmara, como podemos ver no vídeo. 


PREFEITO mantém processo
Na audiência de conciliação, no dia 2, o prefeito exigiu que o sindicalista Vivaldo fizesse uma retratação pública, reconhecendo que o ofendeu e pagasse três salários mínimos. Vivaldo não aceitou, pois não considera que a denúncia que fez possa ter ofendido a honra do prefeito. Assim, o processo irá continuar.
Em seu site, o núcleo do Sindsaúde de São Gonçalo do Amarante questiona: "Então quer dizer, prefeito, que nós não temos o direito de apontar os erros de sua gestão? Estamos todos vivendo sob censura?"