Fernanda Soares
Fernanda Soares

20/11/2013, 14h


Os servidores em greve da saúde de Natal tiveram uma nova rodada de negociação com o governo nesta terça-feira (19), dessa vez com a presença do prefeito Carlos Eduardo. O encontro foi agendado após a mobilização da categoria, que ocupou a sede da prefeitura na manhã do último dia 18. Além do Sindsaúde-RN, a reunião também contou com a presença do Sinsenat e do Sindas.

A audiência teve início com a fala da coordenadora-geral do Sindsaúde-RN, Simone Dutra, que mostrou – ponto a ponto – que a resposta do governo era insatisfatória. “Vocês continuam trabalhando no campo das generalidades, sem nos apresentar datas de quando as pendências serão resolvidas. Por isso, para nós, na verdade não há avanço nenhum”, completou a sindicalista.

Simone cobrou novamente a organização de um calendário, com as previsões de datas para o pagamento de débitos que a prefeitura tem com os servidores, como quinquênios, adicional noturno, 1/3 de férias, implantação de gratificações e vale-refeição para quem trabalha dois expedientes, além de auxílio-doença integral para servidores municipais e municipalizados.

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Por sua vez, o secretário municipal de saúde, Cipriano Maia, explicou que o governo não poderia apresentar datas, uma vez que a situação financeira do município estaria instável e os prazos poderiam não ser cumpridos.

O prefeito Carlos Eduardo, inclusive, alegou que Natal se encontra afundada em dívidas e completou: “não se surpreendam se a gente for vítima de um confisco e ficarmos sem o 13º e o salário de dezembro. O Tribunal de Contas está em cima da gente”. Por outro lado, o chefe do administrativo municipal argumentou que, embora a situação financeira esteja crítica, a cidade está mais limpa e as obras de mobilidade urbana sendo feitas.

Diante desse argumento, Simone Dutra comentou: “a cidade pode até estar mais bonita, mas os servidores continuam do mesmo jeito, porque nem os nossos direitos básicos foram garantidos. Esse governo não aponta para a resolução de questões elementares e fica mais uma vez provado que os servidores e a saúde pública não são prioridade nesse governo”, finalizou.

Quanto ao reajuste salarial, nenhum novo percentual foi apresentado. A prefeitura continua oferecendo 8% a partir de janeiro, enquanto a categoria reivindica 27,08%. O único avanço desde o início da greve foi em relação ao compromisso com uma gratificação para os agentes de saúde, a ser paga em 2014, e no auxílio-alimentação destes servidores.

Na próxima segunda-feira (25), às 9h, no auditório do Sindsaúde-RN, os servidores farão uma assembleia para avaliar a audiência com o prefeito e discutir os rumos da greve. Nesta quarta-feira (20), ao longo de todo o dia, a categoria está em mobilização nas unidades de saúde dos cinco distritos. O Sindsaúde também esteve no Pronto Socorro de Cidade Satélite, que amanheceu fechado, por falta de condições de funcionamento.

Desrespeito

O prefeito Carlos Eduardo criticou a ocupação da Prefeitura, realizada no dia anterior pelos servidores da saúde. Chegou a comparar os trabalhadores com os fariseus, que haviam invadido o templo cristão. O Sindsaúde reivindica a ocupação. “Foi um grande acerto o ato e a invasão da prefeitura. Não tem nada de precipitado. Se não fosse a invasão, nem seríamos recebidos. Com mais de um mês de greve, a prefeitura só ofereceu ameaças. E agora essa atitude desrespeitosa e arrogante contra quem luta por seus direitos”, disse Simone Dutra, do Sindsaúde. A coordenadora do Sindsaúde criticou a repressão aos trabalhadores. “Os servidores foram atacados com spray pimenta e murros. Não precisamos de spray pimenta, nosso salário já é de chorar”, afirma