Fernanda Soares
Fernanda Soares

12/01/2023, 11h


A angústia de uma mãe que perdeu seu filho de 25 anos após esperar três horas por atendimento na porta de um Hospital em São Paulo, viralizou nas redes sociais na semana passada. Vitor Marcos de Oliveira sofria de obesidade e sofreu três paradas cardíacas e não pode ser atendido a tempo porque, pelo menos duas unidades de saúde, não tinham condições estruturais de atendê-lo. Em Natal, um caso semelhante aconteceu na última quarta-feira (11).  
 
Um paciente, com cerca de 300 kg, ficou horas dentro de uma ambulância peregrinando pela cidade em busca de uma unidade de saúde que conseguisse atendê-lo. Acompanhado da mãe idosa, o homem agora busca regulação e já tem um histórico de internação na UPA Pajuçara que não possui a menor condição estrutural de receber casos como o seu. O Sindsaúde/RN esteve na UPA no momento da chegada desse paciente e a diretora Érica Galvão relata as dificuldades: “Isso tudo é reflexo do fechamento do Hospital Municipal de Natal. Uma UPA não possui leitos de alta complexidade para um paciente que demanda uma equipe multiprofissional que tenha pelo menos: psicólogo, nutrólogo e fisioterapeuta, por exemplo. Essa unidade não tem material e nem equipamentos adequados”.
 
Durante a visita, a direção do Sindsaúde/RN constatou ainda que, na unidade, existe uma série de equipamentos quebrados como ventiladores mecânicos e bombas de infusão. Por estes e outros motivos, a UPA não consegue receber e o SAMU, por sua vez, fica sem saber para onde encaminhar o paciente porque o município de Natal, hoje, não possui leitos de alta complexidade que esse paciente, na fila para uma cirurgia bariátrica há um ano, precisa. Também foi denunciado ao sindicato que nesta mesma semana, outro paciente obeso, foi à óbito enquanto esperava atendimento na UPA Satélite, justamente por causa dessa mesma questão de falta de leitos. 
 
Até o fechamento desta nota a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não se pronunciou sobre o caso e seus desdobramentos. Nós, do Sindsaúde/RN, lamentamos o sofrimento deste paciente e reiteramos a responsabilidade, não só da SMS, mas também da prefeitura de Natal, muito mal representada por Álvaro Dias (PSDB), diante dessa situação de descaso. O fechamento de serviços essenciais só culmina nisso, no sofrimento da população e na morte daqueles que são mais vulneráveis.