Fernanda Soares
Fernanda Soares

05/11/2013, 10h


Vivemos num mundo em que, lamenta­velmente, a violência contra as mulheres é uma trágica realidade. Sete em cada dez mulheres no mundo inteiro são vítimas de algum tipo de vio­lência física ou sexual ao longo de suas vidas. Esta é a conclusão do relatório das Nações Unidas (ONU) publicada no início deste ano sobre a violência contra a mulher no planeta. De acordo com a ONU, este tipo de problema social já se configura como uma “pandemia”.

No Brasil a situação não é diferente. A cada dia essa violência só aumenta, são assassinatos, espancamentos, ameaças e agressões verbais.  Cada um de nós conheceu ou já tomou co­nhecimento de uma colega de trabalho, familiar ou amiga que foi vítima de violência sexual ou psicológica.

A Câmara Municipal do Natal tem vivido dias de intenso debate sobre o projeto da Lei do Passe livre, que  beneficia estudantes filhos da classe trabalhadora. Esse projeto tem enfrentado a fúria feroz de vereadores aliados do prefeito e da SETURN, atacando principalmente os verea­dores socialistas, que têm bancado mais ativamente o projeto. Dentre diversos ataques aos vereadores Marcos e Sandro Pimentel (PSOL) e Amanda Gurgel (PSTU), no dia 29 a Câmara Municipal foi também palco da violência machista do vereador Adão Eridan.

Este vereador, que responde processo por corrupção da “Operação Impacto”, ameaçou ve­ladamente a vereadora Amanda Gurgel do PSTU. Este senhor disse em alto e bom tom: “A senhora é muito prepotente e confia demais na lei Maria da Penha, saiba que a lei Maria da Penha também existe pra homem”.  “Não se confie demais não, porque senão a senhora pode se arrepender”.

As palavras do vereador Adão Eridan, além de ser uma ameaça, tem o objetivo de intimidar, amedrontar e principalmente calar a vereadora Amanda Gurgel (PSTU).  O MML (Movimento Mulheres em Luta) se coloca ao lado de Amanda Gurgel como também condenamos os atos desse senhor, pois se trata de uma agressão e uma ameaça a uma companheira mulher, trabalhadora, lutadora e socialista.

A discriminação de gênero é um grave pro­blema social que atinge o setor que representa nada menos que 50% da classe trabalhadora desse país. Ou seja, não é uma questão apenas das mulheres, mas de todas as organizações de classe.

Nessa sociedade em que vivemos, o machismo funciona para dividir e enfraquecer a classe trabalhadora. O combate a ele, portanto, é tarefa de todos. E como já vimos às conquistas das mulheres, assim como do conjunto dos traba­lhadores, só é possível com organização e muita luta independente dos governos e dos patrões, sejam eles quais for.

A falta de investimento público e o orçamento extremamente limitado são, sem dúvida, o principal obstáculo para a implementação da Lei Maria da Penha que, sem recursos para sua aplicação e ampliação, fica só no papel.

Ações como essa ocorrida não agride apenas Amanda Gurgel, mas todas as mulheres que lutam incansavelmente, contra o machismo, que legitima a violência, levando a morte de milhares de mulheres por ano. Machistas como Adão Eridan não passarão! Ele está do lado oposto da nossa luta, pois legitima e naturaliza a violência contra a mulher.

No dia seguinte ao fato ocorrido, mulheres de diversas organizações realizaram um escracho na sessão da Câmara, como uma primeira resposta. Outras virão! O Movimento Mulheres em Luta quer a apuração e punição do senhor verea­dor. Não vamos mais permitir que agressões, ameaças, assédios, ou qualquer outro tipo de vio­lência à mulher fique impune.
 
·   Pelo fim da violência às Mulheres!
·   Aplicação da lei Maria da Penha. Mais verbas públicas para o combate a violência!
·   Passe Livre para estudantes e desempregadas!
·   Contra a criminalização das mulheres!

 

Movimento Mulheres em Luta - RN

movimentomulheresemluta.rn@gmail.com
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