Fernanda Soares
Fernanda Soares

10/01/2023, 09h


A liberdade de imprensa é fundamental para promover mudanças políticas e sociais. Mas, apesar do seu importante papel na manutenção da democracia, a imprensa brasileira vem sendo vítima de diversos ataques nos últimos anos. Durante os atos golpistas do último domingo (8), em Brasília, pelo menos dez casos de violência direta contra profissionais da imprensa foram registrados. Em Natal, a equipe de jornalismo da TV Ponta Negra foi hostilizada por golpistas que voltaram a se reunir em frente a um Batalhão do Exército na noite desta segunda-feira (9).
 
Dados do relatório, produzido pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, em 2022, mostraram que o Brasil está na 110ª posição no ranking de liberdade de imprensa. Realizado desde 2002, o estudo serve para mostrar que, à medida em que os discursos autoritários crescem, o número de países considerados seguros para os repórteres diminui. No ano anterior, 2021, quando o Brasil alcançou a posição 111ª (sua pior colocação até então), o país foi considerado um lugar onde “a situação da imprensa é considerada difícil” e o trabalho jornalístico é desenvolvido em “ambiente tóxico”.
 
Em 2020, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil que houve um aumento de 105,77% nas violências sofridas pelos profissionais da área no ano. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apontado como principal agressor, protagonizando 175 dos registros de violência, ou seja, 40,89% do total de 428 casos computados pela federação. Nas mídias sociais do Sindsaúde/RN, por exemplo, por diversas vezes, a equipe de comunicação sindical foi caluniada, desrespeitada e até ameaçada por seus (as) apoiadores. 
 
Os discursos violentos e golpistas imitam as ditaduras à medida que buscam silenciar a imprensa, violentando os jornalistas. Nós, da equipe de comunicação do Sindsaúde/RN, não só nos solidarizamos profundamente com todos os (as) colegas de profissão agredidos (as) cruelmente enquanto trabalhavam como também destacamos que é de responsabilidade das empresas de mídia e do poder público garantir a segurança dos trabalhadores e trabalhadoras da imprensa, sobretudo em coberturas delicadas.  Merecemos respeito, condições dignas e segurança no exercício da profissão. Mais do que nunca, o jornalismo sério e responsável é necessário, nós somos necessários (as), exigimos ser tratados como tal!