Genivaldo de Jesus Santos. O nome já denuncia que se trata de um brasileiro como tantos outros. Preto, pobre e esquizofrênico, o homem encontrou a morte aos 38 anos como tantos outros brasileiros, pretos e pobres. Foi mais uma vítima, em plena luz do dia, da violência policial e do racismo. O crime aconteceu na tarde da última quarta-feira, (25), durante uma abordagem de policiais rodoviários federais no município de Umbaúba, sul do estado de Sergipe, a cerca de 100 km de Aracaju. O laudo médico apontou morte por asfixia mecânica.
As imagens assustadoras mostram que Genivaldo foi torturado, imobilizado e colocado dentro do porta-malas da viatura que exalava gás lacrimogêneo. Segundo um sobrinho da vítima, Wallison de Jesus, os agentes foram informados que Genivaldo tinha esquizofrenia, encontraram em seu bolso cartelas de medicamentos e ainda sim fizeram o uso de spray de pimenta e o colocaram dentro do porta-malas da viatura. Nos Estados Unidos, há dois anos e exatamente na mesma data: 25 de maio de 2020, George Floyd teve sua morte filmada durante uma ação, também de policiais, muito parecida com a sofrida por Genivaldo.
Cinco agentes registraram boletim de ocorrência policial pela detenção que resultou na morte de Genivaldo, foram eles: Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas. A ação foi filmada do início ao fim e aconteceu em plena luz do dia em um local com grande movimentação de pessoas, demonstrando assim a naturalidade com que corpos pretos são violentados. Aliás, Genivaldo é assassinado um dia após a chacina realizada por uma operação policial na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro, que causou cerca de 23 mortes. A ação se tornou a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro, perdendo apenas para a ação que deixou 28 pessoas mortas no Jacarezinho, em maio do ano passado. Sustentando o falso discurso de “guerra às drogas” a polícia militar- parabenizada e incentivada pelo presidente da república Jair Bolsonaro (PL)- segue promovendo o genocidio do povo, em sua extrema maioria, preto, jovem e pobre do Brasil.
Em nota, a PRF afirmou que Genivaldo teria “resistido ativamente” à abordagem, informação que não bate com as imagens gravadas. Ainda segundo a nota, prender um homem já imobilizado em uma câmara de gás improvisada consiste em “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo” para conter a agressividade da vítima. O Sindsaúde/RN repudia fortemente mais este caso de barbárie, tortura, execução e chama atenção para a frequencia com que as histórias se repetem e quem são sempre as vítimas dessas ações letais. Genivaldo de Jesus Santos é mais um ou menos um brasileiro vítima do genocídio sistémico desse país.
Exigimos justiça por Genivaldo!