Fernanda Soares
Fernanda Soares

13/02/2014, 17h


No dia 28 de janeiro, um casal de idosos foi levado para o hospital Nelson Inácio dos Santos, em Assú. Os dois foram levados pela equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que receberam a denúncia de vizinhos. A equipe encontrou o casal sozinho em casa, em situação de completo abandono.

Segundo a equipe de Serviço Social do Hospital, eles estavam sozinhos, em meio à sujeira e abandono. Os dois aparentavam confusão mental e desorientação e desconfia-se que sofram de doença de Alzheimer e esquizofrenia. O casal não tem parentes próximos, apenas um filho que foi criado por outra família. Investiga-se se os dois estariam sendo vítimas de terceiros, que estariam se apropriando dos benefícios e aposentadorias pagos pelo governo.

A imagem que circulou nas redes sociais mostra a senhora caída no chão do hospital em um colchão. Bastante agitada, a senhora chegou a cair da maca, tentando ir embora. A cena despertou a revolta dos internautas com o caos na saúde. Alguns chegaram a criticar a equipe do hospital, denunciando omissão e descaso com a paciente. Através da própria rede, servidores esclareceram que a paciente havia sido prontamente atendida. “não admito descredenciar os profissionais da minha equipe, que são verdadeiros heróis na saúde do nosso estado que está entregue as baratas”, escreveu um servidor da saúde.

O Sindsaúde entrou em contato com servidores e com o Serviço Social do hospital, que confirmaram o atendimento. “A paciente chegou muito agitada e teve que ser contida na entrada. Ela foi sedada e se alimentou bem”, disse a assistente social Raíra Poliana, no dia seguinte. “Como ela não tem acompanhantes, todos estão solidários, inclusive acompanhantes de outros pacientes, que estão ajudando”, contou.

DÉFICIT - Para o Sindsaúde, o caso também mostra as consequências do déficit de pessoal nos hospitais estaduais. Só no Hospital Nelson Inácio, faltam 41 médicos e 34 ténicos de enfermagem, segundo o relatório do Tribunal de Contas do Estado.

Com equipes muito reduzidas, torna-se inviável garantir o atendimento necessário aos pacientes, tendo que recorrer aos acompanhantes, não só para companhia, mas para cuidados de higienização, por exemplo. “Os acompanhantes funcionam sim como um apoio às equipes, confortando os pacientes, ajudando. Mas deveria ser só isto. As equipes devem funcionar em quantidades adequadas, para não ter que fazer mágica para atender as pessoas. Precisamos convocar mais servidores, para reduzir o déficit e a sobrecarga de trabalho sobre os profissionais de saúde”, afirma Rosália Fernandes, do Sindsaúde.