Fernanda Soares
Fernanda Soares

07/10/2013, 13h


Nos dias 4, 5 e 6 de outubro, ocorreu o 1º Encontro Nacional do Movimento Mulheres em Luta (MML), em Belo Horizonte (MG). De acordo com a organização, o encontro foi considerado o maior evento de mulheres da classe trabalhadora nos últimos 20 anos. Com a participação de 2.300 mulheres, vindas de todos os lugares do país, o evento contou com a presença de servidoras da saúde, trabalhadoras dos Correios, bancárias, metalúrgicas, operárias da construção civil, estudantes, profissionais da Educação, servidoras públicas, movimentos de luta contra a opressão e movimento popular. A participação de trabalhadoras de ao menos oito países confirmou o caráter internacionalista do MML.

 O Sindsaúde-RN  marcou presença com o envio de 21 servidoras da saúde, do estado, do município e das regionais, incluindo as diretoras Célia Dantas, Rosália Fernandes, Jamille Gibson, Edineide de Melo e Suetânia Cardoso e a coordenadora jurídica do sindicato, Adonyara Azevedo. Elas viajaram com a delegação do RN, com trabalhadoras bancárias, da educação e estudantes da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre), formada no Encontro Estadual, no dia 21 de setembro.

As mulheres presentes classificaram o primeiro dia como emocionante. Nesse dia, no início da plenária de abertura, as trabalhadoras dançaram ao som de Maracatu deixando de lado todo cansaço da longa viagem de seus estados de origem, mostrando a força e ousadia de cada mulher.

No segundo dia, em plenários simultâneos, foram debatidas a conjuntura nacional e internacional. Os informes e análises feitas em ambos os painéis versaram sobre os desafios das mulheres e as próximas campanhas e lutas. Ao longo do dia, as mulheres estiveram reunidas em grupos de trabalhos (GTs)  com painéis temáticos aborto e sexualidade;  a mulher no sindicato; saúde da Mulher; mulher negra; violência; mulher Lésbica; mulher Jovem; creches e o direito à maternidade; as mulheres e a luta internacional, trabalho Doméstico; prostituição; mulher operária; mulheres e Educação; mulher e movimento popular; mulheres Aposentadas; mulher trans*; mulheres e Transporte.  Os debates sobre esses temas foram amplamente discutidos nos grupos e foram a voto para serem apresentados na plenária final.  O clima de todos os grupos foi de intensas discussões, troca de experiências, com declarações de mulheres e suas vivências. O grupo internacional, que se tornou uma mesa internacional, foi ponto alto da atividade.  A emoção tomou conta do plenário com as declarações das representações internacionais.

No domingo (06), o último dia do I Encontro Nacional do MML teve início com uma mesa que debateu a violência contra as mulheres. Para discutir o tema, falaram mulheres cuja luta é simbólica neste sentido: a indiana Soma Marik, que luta contra os estupros em seu país, e Elizabeth Gomes da Silva que luta por justiça após sumiço de seu marido, o pedreiro Amarildo de Souza, levado em julho por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, no Rio de Janeiro, e nunca mais achado.

A esposa de Amarildo iniciou dizendo que estava presente para homenagear todas as mulheres que participavam do encontro.

"Não se calem, gritem quando atacarem seus filhos, seus maridos, sua família. Muitas pessoas ficam quietas e escondem os abusos que acontecem nas comunidades, nas UPP’s”, pediu emocionada.

Elisabeth falou de casos de violência e tortura contra moradores das comunidades cariocas e relembrou como levaram Amarildo, sem dar explicação. "Para mim, são bandidos fardados. Não vou descansar até os ossos do meu marido aparecerem", afirmou. "Mulheres sejam fortes, sejam fortes", concluiu.