Fernanda Soares
Fernanda Soares

25/05/2022, 11h


A superlotação no Hospital Municipal de Natal culminou na reabertura dos leitos clínicos no segundo andar da unidade mesmo com o elevador, que dá acesso ao espaço, ainda quebrado. Os(as) trabalhadores (as) denunciam que pacientes, até graves, são obrigados a subir e descer escadas, além dos funcionários terem que transportar óbitos também pela escada. A realidade da unidade hoje conta com 19 leitos UTI ocupados, sendo 10 improvisados no primeiro andar do hospital. 
 
A gambiarra é fruto da demolição da UTI 1 que contava com 20 leitos para atendimento de pacientes com Covid-19 e já foi denunciada por nós em outras oportunidades. “É inadmissível que o problema do elevador quebrado do Hospital Municipal de Natal se arraste por anos e não tenha resolutividade. Não podemos mais aceitar que os pacientes sejam submetidos a subir e descer escadas, estando muito doentes”, exige Érica Galvão, diretora do Sindsaúde/RN.
 
A maior busca por atendimento na unidade pode se justificar pelo crescimento de 1.437% dos casos de dengue que chegaram a 11,5 mil até 7 de maio. Na última sexta-feira (20), o secretário de Saúde, George Antunes, afirmou em uma entrevista que o sistema de saúde pública de Natal está perto de um colapso com as unidades lotadas. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cidade da Esperança, por exemplo, precisou ampliar o atendimento, colocando médico e equipe de enfermagem para ofertar um plantão extra de 12 horas, como forma de amenizar a grande procura por atendimento. 
 
Mesmo levando em consideração a epidemia de dengue que a cidade enfrenta, a superlotação do Hospital Municipal de Natal já é praticamente um problema crônico que se intensificou sim com a Covid-19 mas sempre refletiu os anos de descaso e o desmonte promovido pelo Prefeito Álvaro Dias (PSDB) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Realizar internações em leitos improvisados e insalubres, além de obrigar pacientes debilitados a subirem e descerem escadas é desumano. Não iremos nos calar diante de mais essa atrocidade. Até quando o Hospital Municipal de Natal será cenário de tanta barbaridade?