Fernanda Soares
Fernanda Soares

07/07/2022, 10h


Sem qualquer política que garanta moradia digna, mais uma vez a população pobre dos estados nordestinos está sofrendo com as fortes chuvas que atingem a região, desde o último final de semana.
 
Já são 8 mortos em decorrência das enxurradas, sendo seis vítimas fatais em Alagoas e duas em Pernambuco. O Rio Grande do Norte também enfrenta problemas com os temporais. Em poucos dias, choveu quase o que era esperado para todo o mês.
 
Desde maio, o Nordeste tem sofrido com o grande volume de água. São deslizamentos de terras, desabamentos de casas e alagamentos. Desta vez, Alagoas é a unidade federativa mais atingida: já são mais de 56 mil desalojados.
 
Metade dos municípios alagoanos (51 cidades) está em estado de emergência. Quase 12 mil pessoas estão desabrigadas. As localidades mais atingidas são: Coruripe, Matriz do Camaragibe, Palmeira dos Índios, São Miguel dos Campos, União dos Palmares e Campo Alegre.
 
Em uma cena que marcou a gravidade da situação e o drama vivido pelas famílias um bebê de poucos meses foi resgatado pelo helicóptero do Corpo de Bombeiros do telhado de uma casa. O caso ocorreu em Murici. Todas as seis pessoas da família foram salvas.
 
Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, a previsão é que deve continuar chovendo em Alagoas nos próximos dias. Com isso, segue o alerta para novos transbordamentos de rios e lagoas. 
 
Outros estados
 
Há um mês, Pernambuco vivia a maior tragédia de sua história. Foram 128 mortos pelo descaso do poder público que não garante moradia a toda população. Nos últimos dias, o estado voltou a registrar mortes devido às chuvas. 
 
Um servidor público de 20 anos e um agricultor de 64 anos morreram nos municípios de Jaqueira e Iati, respectivamente. Até o momento, são quase seis mil pessoas desalojadas e pouco mais de mil desabrigadas.
 
No Rio Grande do Norte, a capital Natal está em estado de calamidade pública. O grande volume de chuva provocou o transbordamento de lagoas, quedas de árvore, alagamento de imóveis e crateras. Além disso, redes de drenagem apresentaram problemas.Segundo a Defesa Civil, 2.908 pessoas foram afetadas pelas chuvas no estado.
 
"Nós da CSP-Conlutas, do SindSaúde e movimentos por moradia fizemos uma plenária ontem para desenvolver a Campanha de Solidariedade para receber doações de recursos. Apesar da previsão de mais chuva para o fim de semana, não existe iniciativas do poder público pras famílias que estão sofrendo com as enchentes", afirma Rosália Fernandes, integrante licensiada da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
 
Protesto 
 
Organizados pelo Luta Popular, filiado à CSP-Conlutas, moradores da comunidade Novo Horizonte, em Jaboatão dos Guararapes (PE), realizaram um ato na quarta-feira (29), para cobrar da Prefeitura uma solução para as famílias que estão desalojadas há um mês.
 
A mobilização ocorreu em conjunto com as comunidades Dois Carneiros, Curcurana, Muribeca, Monte Verde, Marcos Freire, Vê se Presta e outras. O alvo da manifestação foi o prefeito Mano Medeiros, que segue inerte ao drama das famílias.
 
No final de maio, a região da Grande Recife enfrentou o aumento das chuvas. Desde então, as famílias têm convivido com graves danos nas residências. Além disso, há o risco sanitário, uma vez que a lama e o esgoto a céu aberto persistem. 
 
Os moradores também acusam a prefeitura de calote, já que a cidade recebeu mais de R$ 18 milhões para destinar às famílias. No entanto, ainda não houve nenhum pagamento.