Fernanda Soares
Fernanda Soares

19/04/2022, 11h


No momento em que a renda média do brasileiro atinge uma mínima histórica, trabalhadores terceirizados do Hospital Municipal perdem seus cargos e são obrigados a viver na incerteza. O Sindsaúde/RN, por meio desta nota, se solidariza com todos aqueles que foram e são vítimas diretas do descaso e falta de humanidade do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB). 
 
Segundo um levantamento recente da LCA Consultores, com base nos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) trimestral do IBGE, o Brasil encerrou 2021 com um total de 33,8 milhões de trabalhadores com renda mensal de até 1 salário mínimo, o maior contingente já registrado na série histórica iniciada em 2012. Além disso, a taxa de desemprego no país ficou em 11,2% em fevereiro e atingiu 12 milhões de brasileiros,segundo o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Números assustadores que passaram a ser rotina em um país regido por políticas que não tem a classe mais pobre como prioridade e o desmonte do Hospital Municipal de Natal é exemplo disso.  A ameaça do fechamento dos serviços começou a ser difundida, por meio de um informativo nas redes sociais, no fim do mês de março. A proposta é de que o Hospital Municipal de Natal seja transferido e distribuído entre o Hospital dos Pescadores e Hospital de Campanha e que o prédio dê lugar ao Hospital da Mulher. O informativo também destacava o cancelamento de todos os contratos temporários (Covid-19), que trabalham nas unidades de saúde, e que hoje sustentam boa parte do funcionamento e atendimento da saúde municipal.
 
Não sendo suficiente todo transtorno causado aos trabalhadores da saúde, aos contratos temporários e aos pacientes de Natal, o fechamento de serviços afeta também os trabalhadores terceirizados, responsáveis pela limpeza, manutenção, dentre outros serviços essenciais ao funcionamento do hospital. Ouvimos uma das funcionárias demitidas durante esse processo e em seu relato ela relembra o medo que sentiu ao ser pega de surpresa pela notícia de que a fonte de renda da sua família inteira estava por um fio. Essa funcionária em questão conta que conseguiu uma vaga no Hospital dos Pescadores e foi realocada. No entanto, destaca que só conseguiu reverter a situação e fugir do desemprego porque se adiantou e lutou por uma vaga no novo local de trabalho. “Como meu marido é idoso e doente, meu trabalho é o que nos sustenta. Tive que explicar minha situação e, assim, consegui uma nova vaga”. É provável que nem todos consigam o mesmo feito e o desespero da incerteza já tomou os ares da unidade há um bom tempo. 
 
Reiteramos, mais uma vez, que nós do Sindsaúde/RN somos contra o fechamento de qualquer serviço de saúde em Natal ou no Rio Grande do Norte. Não somos contra a criação de uma unidade específica para o atendimento de mulheres, porém defendemos que esse atendimento não deva substituir e fechar uma unidade que já existe e que atende boa parte da população natalense. O Hospital Municipal de Natal já está sendo alvo de desmonte pelo prefeito e pela SMS não é de hoje. Os servidores serão transferidos, os terceirizados estão sendo demitidos, os aprovados no cadastro reserva da saúde não são convocados, o que gera mais uma leva de desempregados e a população também pagará o preço do descaso. 
 
Por essa e outras, a saúde de Natal está e continuará em greve! Não ao fechamento do Hospital Municipal de Natal! Álvaro Dias (PSDB), pare de sucatear a saúde natalense!