Fernanda Soares
Fernanda Soares

18/05/2022, 12h


Na noite da última terça-feira (17) em uma edição extra do Diário Oficial do Município (DOM), a Prefeitura de Natal decretou situação de emergência na cidade, pelo prazo de 90 dias, com o período podendo ser prorrogado, em razão da epidemia de dengue, chikungunya e zika na cidade. De acordo com o monitoramento realizado pelo Departamento de Vigilância em Saúde da SMS, o número de casos notificados para as doenças vem observando um aumento exponencial por semanas consecutivas e o surgimento de áreas com formação de agregados de casos suspeitos principalmente nas regiões Sul, Norte 1 e Oeste de Natal. Moradores do Tirol que adoeceram recentemente, denunciam, por exemplo, o abandono da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército (ASSEN) que, sem fiscalização, encontra-se inundada com as águas de chuva, sendo assim, foco de proliferação da dengue
 
No Rio Grande do Norte, segundo Kelly Lima,coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o governo deve decretar a epidemia de arboviroses ainda nesta quarta-feira (18). O estado registrou, até 7 de maio, 11.535 casos prováveis de dengue e no mesmo período do ano passado foram registrados 806 casos prováveis, o que representa um aumento de 1.431%. Por fim, o Brasil também vive outro surto da doença com mais de 700 mil casos só neste ano, um aumento de 151, 4% em comparação a 2021. O cenário desanimador pede a colaboração e sensibilização da população no combate à dengue, mas também evidencia o descaso do poder público diante das condições sociais e ambientais do país.
 
O momento pede, portanto, mais que campanhas de conscientização. Estas são importantes sim, porém, tornam-se ainda mais eficazes quando acompanhadas de melhorias em políticas públicas. Em Natal e no Rio Grande do Norte faltam insumos para diagnóstico laboratorial, procedimento extremamente importante para identificar a circulação do vírus. A população espera e necessita de ações de combate ao mosquito nos territórios e uso constante dos chamados carros fumacê, cujo conserto da frota já foi recomendado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte desde a semana passada.  Dos 15 carros fumacê da Sesap, 11 estão quebrados por falta de peças. 
 
O governo estadual e municipal não pode largar a população à própria sorte para quem não morreu de Covid-19 agora morrer de dengue. Exigimos uma maior atenção do poder público, sobretudo, nas zonas periféricas da cidade e do estado. E à população, que não deve ser culpabilizada nem responsabilizada por ações que deveriam vir do governo,   reiteramos os cuidados possíveis: tampar lixeiras; tampar tonéis e caixas d’água; manter as calhas sempre limpas; limpar ralos e colocar telas; deixar garrafas e recipientes com a boca para baixo; preencher os pratos de vasos de plantas com areia e manter lonas para materiais de construção e piscinas sempre esticadas para não acumular água.