Francisca Pires
Francisca Pires

18/11/2025, 07h


A crise no atendimento por tomografia na rede estadual de saúde do Rio Grande do Norte chegou a um ponto crítico. O tomógrafo do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel referência em trauma no estado enfrenta problemas crônicos há meses. Diante do descaso da Sesap e do Governo do RN, pacientes estão sendo deslocados para o Hospital Giselda Trigueiro (HGT) e para o Hospital Deoclécio Marques, ambos já sobrecarregados.

O cenário se agravou com a falta de bomba injetora, equipamento essencial para exames contrastados. Hoje, apenas o Giselda possui o equipamento em funcionamento, tornando-se o único capaz de realizar determinados procedimentos.

Mesmo sem oferecer qualquer reforço de pessoal ou estrutura, a Sesap passou a forçar o Giselda e o Deoclécio a absorver a demanda do Walfredo Gurgel, desorganizando fluxos de trabalho e sobrecarregando profissionais. A determinação é que, a partir da última segunda-feira (17), o setor funcione 24 horas ininterruptas, algo inviável na realidade atual. Servidores (as) relatam adoecimento, pedidos de exoneração de funções de chefia e extremo desgaste físico e emocional.

Para operar 24h, seria necessário ampliar a equipe com técnicos em radiologia, enfermagem, maqueiros, higienistas, radiologistas e enfermeiros de apoio. Hoje, o serviço funciona apenas em horário diurno, de segunda a sexta, sem qualquer condição de assumir a sobrecarga que o governo tenta impor. 

A situação se agrava com as pactuações que já sobrecarregam o Giselda, que atende também demandas do Santa Catarina, Macaíba, Severino Lopes, João Machado, UPAs e agora os exames de controle do Walfredo. Ou seja, na prática o governo está nivelando a saúde pública “por baixo”.

Nos últimos dias, servidores relataram ainda falhas graves na rede de transmissão das imagens, com exames ficando retidos no equipamento e impossibilitando médicos de visualizar os resultados. A T.I já foi acionada diversas vezes, mas o problema persiste. Enquanto isso, apenas exames de emergência estão sendo realizados, prejudicando ainda mais o atendimento e ampliando o risco clínico para os pacientes. 

Há cerca de dois meses, a rotina tem sido a mesma: conserta, quebra, retorna o problema. Pacientes chegam ao hospital, são enviados a outras unidades e passam horas aguardando transporte e atendimento, o que agrava quadros clínicos e expõe profissionais a sobrecarga insustentável.

O Sindsaúde/RN denuncia a ausência de gestão, o risco à vida dos pacientes e a precarização imposta aos trabalhadores. Exigimos que o Governo do RN e a Sesap assumam sua responsabilidade, regularizem imediatamente o funcionamento da tomografia no Walfredo Gurgel e garantam condições dignas de trabalho também no Giselda Trigueiro, no Deoclécio Marques e nas demais unidades. A saúde pública não pode continuar sendo empurrada para o colapso.