Fernanda Soares
Fernanda Soares

09/04/2014, 20h


Nesta sexta-feira (11), às 09h, os servidores da saúde participarão de uma audiência pública na Câmara Municipal de Natal, para discutir o desmonte do Centro de Saúde Reprodutiva, no Alecrim. A audiência será realizada no Plenário da Câmara, promovida pela vereadora Amanda Gurgel (PSTU), que convidou representantes das secretarias de Saúde de Natal e do Estado.

O Centro vive hoje um processo de desmonte, com a remoção de equipamentos e a transferência de 80% dos servidores do estado. Atualmente, cerca de 30 servidores permanecem atendendo a população e mantendo parte dos serviços. Das cerca de 600 pessoas atendidas diariamente, apenas 30 conseguem atendimento atualmente. Em declaração à imprensa, funcionários declararam que só restaram aqui pessoas e equipamentos que o governo não tem interesse. “Os remédios da farmácia só não levaram porque eu brequei”, diz Débora Torquato, diretora do Centro.

Uma assistente social do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que realiza serviços de diagnóstico e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, falou sobre o fechamento de seu setor: “o CTA é um programa que existe em todo o Brasil e esse aqui nosso era uma referência nacional para questões de DST/AIDS. Eu desenvolvo meu trabalho no CTA há 18 anos! E agora ele está fechado e a população, que precisa do serviço, está sendo prejudicada. Nem o teste rápido de HIV estamos fazendo mais”.

A retirada de equipamentos e a transferência de servidores é parte de uma processo de co-gestão e municipalização, da qual o Sindsaúde foi contrário, inclusive tendo entrado na Justiça, com o Sinmed, com um pedido para que o serviço permanecesse sendo oferecido pelo Estado. Com o desmonte, sequer o funcionamento do Centro está garantido. O Secretário Municipal de Saúde de Natal, Cipriano Maia, já declarou que não assumirá apenas um “prédio vazio” e que terá dificuldades em assumir os serviços.

Para a coordenadora-geral do Sindsaúde-RN, Simone Dutra, o fechamento do Centro é também um ataque à saúde das mulheres. “O governo estadual fechou as pediatrias, o governo municipal não garante sequer os medicamentos do Pré-Natal, e agora, estão fechando este centro, que oferecia diversos exames, como a biópsia de colo de útero. É uma violência institucional contra a mulher”, afirma Simone. Os exames de mamografia, que podem identificar o câncer de mama, também deixaram de ser feitos e o equipamento foi removido para o Hospital de Assú. “A Sesap está desmontando um serviço que, principalmente para as mulheres que dependem exclusivamente do SUS, pode significar a vida ou a morte. Sem o Centro Reprodutivo essas mulheres não terão para onde recorrer”, afirma Simone Dutra.

O Sindsaúde-RN convoca todos os servidores, em especial os servidores do Centro de Saúde Reprodutiva, a participarem da audiência.

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