Fernanda Soares
Fernanda Soares

03/05/2022, 11h


Comemorado anualmente em 2 de maio, o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral é uma iniciativa voltada à sensibilização, prevenção e combate a violência psíquica ou física no ambiente de trabalho. O assédio moral se caracteriza por atitudes abusivas, por exemplo, xingar, menosprezar, exigir metas ou atividades desproporcionais à jornada de trabalho, isolar, atribuir tarefas que ponham em risco a saúde ou segurança, espalhar boatos e tudo aquilo que fere e fragiliza a dignidade do trabalhador. O abuso traz sérios danos à saúde ao assediado como depressão, insônia, diminuição da capacidade de concentração e memorização, irritabilidade constante, baixa autoestima, aumento de peso ou emagrecimento exagerado, aumento da pressão arterial, inflamação no estômago, palpitações, tremores e síndrome de burnout. Em casos severos, pode levar ao suicídio.
 
Nós do Sindsaúde/RN já denunciamos diversas situações de assédio moral nas unidades de saúde de Natal e do Rio Grande do Norte. A mais recente envolve o Hospital Municipal de Natal, onde a atual diretora do sindicato, Érica Galvão, há três dias foi informada sobre a possibilidade de ser devolvida para a Secretaria Municipal de Saúde graças a uma movimentação da coordenadora do setor em que trabalha, com a qual já bateu de frente e denunciou condutas incorretas. Há cerca de três meses também denunciamos que os (as) trabalhadores (as) da UPA Cidade da Esperança reuniram, em um documento, relatos e provas do assédio moral que sofreram por parte da coordenação da unidade e devido a situação grave de abuso, vários deles foram diagnosticados com burnout. 
 
Já, em setembro de 2021, na USF Ronaldo Machado, que na época realizava campanha de vacinação, uma servidora, sozinha, era responsável pela administração das vacinas o dia inteiro, sem horário de almoço e de saída, sem pausas para lanche e idas ao banheiro. Quando questionava a coordenação da unidade, a trabalhadora recebia ameaças  como resposta, “Vamos fazer o memorando para te devolver para o distrito!”.  Tais situações se repetem diariamente nas mais diversas unidades de saúde e o sindicato segue atento e acompanhando de perto os locais denunciados. Uma das soluções para impedir o aumento de casos de abuso como estes é a convocação dos últimos concursados da saúde, pois, com mais servidores públicos ocupando os espaços, existirá mais autonomia para denunciar e dar visibilidade a má conduta dos abusadores. Além disso, é preciso que os governos municipal e estadual atuem do lado do trabalhador, possibilitando a fiscalização de perto do dia a dia das unidades. Outra solução é uma eleição democrática para escolha dos gestores das unidades de saúde. Sem apadrinhamentos, sem nepotismo, apenas democracia e compromisso com o serviço público. É disso que a saúde precisa.
 
Não se cale, servidor (a), nos denuncie sua situação. Dê um basta!