O 1º Encontro Nacional de Saúde dos Trabalhadores, iniciado nesta sexta-feira, dia 8, pretende traçar um programa de lutas em defesa da saúde da classe trabalhadora. Mas será também um momento para colocar o assunto na pauta de todos os sindicatos, e não apenas de pequenos grupos de ativistas e departamentos de saúde sindicais.
Na abertura do evento, ocorrida na sede do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos, dirigentes sindicais de diferentes categorias traçaram um breve retrato do que os trabalhadores têm passado nas linhas de produção, nas ruas, construções e até mesmo no setor público. O Encontro segue até domingo, dia 10.
Em homenagem aos trabalhadores que morreram vítimas da exploração no ambiente de trabalho, o Encontro começou com um minuto de silêncio. Entre esses companheiros, foram homenageados o vigia Claudiney Mioni, trabalhador terceirizado da metalúrgica Forming Tubing, zona sul de São José dos Campos.
A cada três horas morre um trabalhador vitima de acidente ou doença do trabalho no país.
O Encontro, organizado pela CSP-Conlutas, foi aberto pelo membro da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Jordano Carvalho dos Santos, que trouxe histórias e números alarmantes sobre a graves situação de trabalhadores pelo Brasil afora.
Jordano narrou a dura realidade de mulheres que trabalham em pequenas e grandes indústrias de confecções. Por terem a ida ao banheiro rigorosamente controlada pelos patrões, elas acabam adquirindo incontinência urinária. Aos 33 anos, essas trabalhadoras já usam fraldões em virtude da doença.
“Nós, do movimento sindical, não podemos admitir tamanho crueldade. Temos de fazer o enfrentamento ao governo, aos empresários, aos banqueiros. Será que podemos continuar discutindo esta situação como acidentes e doenças do trabalho ou devemos discutir como assassinatos no local de trabalho? Vamos fazer uma política realmente de enfrentamento, pois nessa guerra só estão morrendo trabalhadores”, disse Jordano.
E completou: “o motivo deste encontro é dar um basta. Não aguentamos mais ver companheiros sem braços, sem pernas, deixando filhos e esposas”.
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos e membro da executiva da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, reforçou a importância do Encontro para elaborar um programa efetivo em defesa da saúde dos trabalhadores.
“Esse encontro pra CSP-Conlutas tem uma grande importância. É parte de um esforço para colocar a saúde dos trabalhadores na pauta não só dos sindicatos, mas que a saúde seja um tema assumido pelo conjunto da central e do conjunto das direções dos sindicatos. Vamos estar esses dois dias elaborando um projeto dessa central pra enfrentar exploração, o aumento do assédio moral nas fábricas, nas repartições públicas. A questão da saúde não pode ser preocupação de um pequeno grupo de ativistas. Temos que fazer um esforço no sentido oposto a isso. O Encontro é a oportunidade de dar um salto de qualidade nesse tema”, ressaltou.
Combate à terceirização
Mancha também defendeu o combate veemente à terceirização, uma das principais causas de acidentes nas fábricas. Estudos mostram que a maioria dos acidentes de trabalho ocorrem entre os terceirizados. A CSP-Conlutas está à frente de uma ampla campanha contra o Projeto de Lei 4330, que libera a terceirização em todas as etapas da produção, precarizando ainda mais as condições de trabalho.
O presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, comparou os acidente de trabalho a uma guerra.
“Existe uma guerra que não é escancarada. As empresas estão colocando o lucro acima da vida. O acidente na Forming Tubing (que matou um trabalhador terceirizado este mês) poderia ter sido evitado se a empresa tivesse feito a troca de uma simples mangueira. Essa luta em defesa da vida contra o capitalismo precisa ser ampliada nesse país. O trabalho tem de servir para a vida, não para a morte”, concluiu.
Os ataques nas diferentes categorias
“Os terceirizados morrem oito vezes mais do que os trabalhadores diretos. Esta é a prova cabal da falta de investimento em segurança, da sede de lucro, da lógica do capital de superexploração. Morrem 80 terceirizados no sistema Petrobras por ano.” (Lucas – Sindicato dos Petroleiros)
“Muitas vezes, os próprios companheiros marginalizam os lesionados. Além de fazer o debate sobre as mortes, é preciso preparar os trabalhadores para que recebam os companheiros no local de trabalho.” (João Rosa – Sindicato dos Químicos)
“Que legado queremos deixar para nossos filhos? Que expectativa terão aqueles que estão chegando agora no mercado de trabalho? Cada fato aqui relatado teremos de usar para lutarmos amanhã. (Mota – Sindicato daAlimentação)
“É preciso que o movimento sindical passe a encarar a situação dos trabalhadores como uma guerra. O ritmo de produção é alucinado. Temos de tratar as doenças e acidentes no trabalho como uma violência aos trabalhadores”(Toninho Ferreira – PSTU)
“O extermínio da classe trabalhadora só vai acabar quando acabarmos com essa sociedade capitalista, onde o dinheiro vale mais do que nossas vidas. Na minha categoria, o assédio moral é muito presente. Temos casos de pessoas que chegam ao suicídio em razão do assédio” (Fausta – Sintrajud)
“O governo e a ECT sucateiam cada vez mais a categoria. Sinto-me honrado em estar aqui para dar um passo a mais na luta contra esses ataque. Nossa categoria está exposta a péssimas condições de trabalho. Esse Encontro é de grande importância para a nossa luta” (Luiz Antonio – Sindicato dos Trabalhadores dos Correios)
“Não tenho dúvida de que vamos sair daqui muito mais fortalecidas contra toda a exploração do capitalismo” (Raquel – Movimento Mulheres em Luta)
Abertura do 1º Encontro Nacional de Saúde do Trabalhador faz chamado para luta em defesa da saúde
09/11/2013Mancha e Jordano durante abertura
O 1º Encontro Nacional de Saúde dos Trabalhadores, iniciado nesta sexta-feira, dia 8, pretende traçar um programa de lutas em defesa da saúde da classe trabalhadora. Mas será também um momento para colocar o assunto na pauta de todos os sindicatos, e não apenas de pequenos grupos de ativistas e departamentos de saúde sindicais.
Na abertura do evento, ocorrida na sede do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos, dirigentes sindicais de diferentes categorias traçaram um breve retrato do que os trabalhadores têm passado nas linhas de produção, nas ruas, construções e até mesmo no setor público. O Encontro segue até domingo, dia 10.
Em homenagem aos trabalhadores que morreram vítimas da exploração no ambiente de trabalho, o Encontro começou com um minuto de silêncio. Entre esses companheiros, foram homenageados o vigia Claudiney Mioni, trabalhador terceirizado da metalúrgica Forming Tubing, zona sul de São José dos Campos.
A cada três horas morre um trabalhador vitima de acidente ou doença do trabalho no país.
O Encontro, organizado pela CSP-Conlutas, foi aberto pelo membro da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Jordano Carvalho dos Santos, que trouxe histórias e números alarmantes sobre a graves situação de trabalhadores pelo Brasil afora.
Jordano narrou a dura realidade de mulheres que trabalham em pequenas e grandes indústrias de confecções. Por terem a ida ao banheiro rigorosamente controlada pelos patrões, elas acabam adquirindo incontinência urinária. Aos 33 anos, essas trabalhadoras já usam fraldões em virtude da doença.
“Nós, do movimento sindical, não podemos admitir tamanho crueldade. Temos de fazer o enfrentamento ao governo, aos empresários, aos banqueiros. Será que podemos continuar discutindo esta situação como acidentes e doenças do trabalho ou devemos discutir como assassinatos no local de trabalho? Vamos fazer uma política realmente de enfrentamento, pois nessa guerra só estão morrendo trabalhadores”, disse Jordano.
E completou: “o motivo deste encontro é dar um baasta. Não aguentamos mais ver companheiros sem braços, sem pernas, deixando filhos e esposas”.
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos e membro da executiva da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, reforçou a importância do Encontro para elaborar um programa efetivo em defesa da saúde dos trabalhadores.
“Esse encontro pra CSP-Conlutas tem uma grande importância. É parte de um esforço para colocar a saúde dos trabalhadores na pauta não só dos sindicatos, mas que a saúde seja um tema assumido pelo conjunto da central e do conjunto das direções dos sindicatos. Vamos estar esses dois dias elaborando um projeto dessa central pra enfrentar exploração, o aumento do assédio moral nas fábricas, nas repartições públicas. A questão da saúde não pode ser preocupação de um pequeno grupo de ativistas. Temos que fazer um esforço no sentido oposto a isso. O Encontro é a oportunidade de dar um salto de qualidade nesse tema”, ressaltou.
Combate à terceirização
Mancha também defendeu o combate veemente à terceirização, uma das principais causas de acidentes nas fábricas. Estudos mostram que a maioria dos acidentes de trabalho ocorrem entre os terceirizados. A CSP-Conlutas está à frente de uma ampla campanha contra o Projeto de Lei 4330, que libera a terceirização em todas as etapas da produção, precarizando ainda mais as condições de trabalho.
O presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, comparou os acidente de trabalho a uma guerra.
“Existe uma guerra que não é escancarada. As empresas estão colocando o lucro acima da vida. O acidente na Forming Tubing (que matou um trabalhador terceirizado este mês) poderia ter sido evitado se a empresa tivesse feito a troca de uma simples mangueira. Essa luta em defesa da vida contra o capitalismo precisa ser ampliada nesse país. O trabalho tem de servir para a vida, não para a morte”, concluiu.
Os ataques nas diferentes categorias
“Os terceirizados morrem oito vezes mais do que os trabalhadores diretos. Esta é a prova cabal da falta de investimento em segurança, da sede de lucro, da lógica do capital de superexploração. Morrem 80 terceirizados no sistema Petrobras por ano.” (Lucas – Sindicato dos Petroleiros)
“Muitas vezes, os próprios companheiros marginalizam os lesionados. Além de fazer o debate sobre as mortes, é preciso preparar os trabalhadores para que recebam os companheiros no local de trabalho.” (João Rosa – Sindicato dos Químicos)
“Que legado queremos deixar para nossos filhos? Que expectativa terão aqueles que estão chegando agora no mercado de trabalho? Cada fato aqui relatado teremos de usar para lutarmos amanhã. (Mota – Sindicato daAlimentação)
“É preciso que o movimento sindical passe a encarar a situação dos trabalhadores como uma guerra. O ritmo de produção é alucinado. Temos de tratar as doenças e acidentes no trabalho como uma violência aos trabalhadores”(Toninho Ferreira – PSTU)
“O extermínio da classe trabalhadora só vai acabar quando acabarmos com essa sociedade capitalista, onde o dinheiro vale mais do que nossas vidas. Na minha categoria, o assédio moral é muito presente. Temos casos de pessoas que chegam ao suicídio em razão do assédio” (Fausta – Sintrajud)
“O governo e a ECT sucateiam cada vez mais a categoria. Sinto-me honrado em estar aqui para dar um passo a mais na luta contra esses ataque. Nossa categoria está exposta a péssimas condições de trabalho. Esse Encontro é de grande importância para a nossa luta” (Luiz Antonio – Sindicato dos Trabalhadores dos Correios)
“Não tenho dúvida de que vamos sair daqui muito mais fortalecidas contra toda a exploração do capitalismo” (Raquel – Movimento Mulheres em Luta)
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
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