A população de Natal que necessita hoje de atendimentos fisioterapêuticos, que são extremamente essenciais para a recuperação dos pacientes no pré e pós operatório, estão sofrendo cada vez mais com a falta desses profissionais no município. Isso porque, desde 2023, os fisioterapeutas concursados que trabalham na capital potiguar passaram a atender demandas de três serviços diferentes: UTI, obstetrícia e pediatria. Tudo isso, dividido para cerca de 9 profissionais, sendo 7 fisioterapeutas e 2 terapeutas ocupacionais, que chegam a cumprir mensalmente até 10 escalas de plantão.
O Sindsaúde/RN entrou em contato com alguns desses trabalhadores que relataram vários problemas crônicos que desencadearam o déficit profissionais, a começar pelo baixo número de vagas ofertadas no último concurso da saúde que aconteceu em 2018. De lá pra cá, esses servidores enfrentaram as adversidades da pandemia da COVID-19, o fechamento de serviços, como do Hospital Municipal de Natal e o Hospital Pediátrico Nivaldo Júnior, além de serem obrigados a absorver uma nova especialidade para atender as gestantes de Natal sem nenhum tipo de preparo ou formação prévia.
Para um dos fisioterapeutas do município que prefere não se identificar, a escala da fisioterapia passou a ser insuficiente com a chegada da maternidade, pois vários contratos temporários foram encerrados e a escala ficou insustentável, aumentando a sobrecarga de trabalho da equipe: “O número de absenteísmo no trabalho aumentou muito, a minha equipe está doente, sobrecarregada, então o que acontece atualmente é que qualquer licença médica, afastamento ou férias, afeta todos os serviços. Todos os meses a coordenação de fisioterapia envia ofícios para a direção da unidade e SMS, e não temos respostas”, afirma o servidor.
O denunciante também diz que a atual gestão de Natal é imprudente e que falta comprometimento com o serviço ofertado. “Atualmente o estado é insustentável, eu não consigo mais cobrir três serviços com assistência integral fisioterapêutica, temos 6 profissionais que garantem 30 dias de 24h dentro da UTI. Mas o serviço de pediatria já ficou com apenas 1 profissional para dar conta do setor por 30 dias. Tudo isso, e os profissionais sequer recebem a gratificação de urgência e emergência. Quando a escala fica defasada eu não consigo cobrir esse desfalque, porque não temos profissionais suficientes”, desabafa o servidor emocionado.
Dada a precariedade da situação, a direção do Sindsaúde/RN está solicitando a SMS o dimensionamento dos profissionais de saúde com o objetivo de enfatizar ao Ministério Público a falta escancarada de profissionais, como por exemplo os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. O sindicato também vai requerer ao MP providências sobre o novo concurso da saúde de Natal para o próximo ano, visto que o orçamento para o concurso já foi aprovado na LOA de 2025, mas até o momento, a prefeitura ainda não se pronunciou sobre o assunto. Vale reforçar que o último concurso da saúde de Natal ocorreu em 2018, e que apesar de ter sido prorrogado até setembro deste ano, a gestão de Álvaro Dias não priorizou a convocação dos profissionais que continuam em déficit e sobrecarregados.